Dama dos direitos humanos no Brasil chega aos 100 anos
Margarida Bulhões Pedreira Genevoi se tornou um símbolo de resistência ao atender as vítimas da ditadura
A ativista dos direitos humanos no Brasil, Margarida Bulhões Pedreira Genevois, completa 100 anos e ganha uma missa especial repleta de declarações emocionantes na igreja São Domingos no bairro de Perdizes em São Paulo. Considerada a "dama dos direitos humanos no Brasil", ela é uma referência na defesa dos Direitos Humanos no Brasil e na América Latina.
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Na missa realizada na tarde desta 2ª feira (13.mar), estiveram presentes o atual presidente da Comissão Arns, o ex-ministro da Justiça no governo FHC, José Carlos Dias, o advogado Antonio Carlos Mariz, a socióloga Maria Victoria Benevides, entre outras personalidades que tem uma longa trajetória na luta por igualdade social.
Filha da tradicional elite do Rio de Janeiro, descendente dos fundadores da cidade maravilhosa, Margarida perdeu o pai cedo e resolveu continuar o trabalho que ele fazia com os pobres. Antes mesmo de completar 18 anos, durante a Segunda Guerra Mundial, ela matriculou-se em um curso de enfermagem da Cruz Vermelha e se alistou para ir pessoalmente à Itália.
A viagem não deu certo, mas ela não desistiu de se ajudar os mais necessitados. Ela se formou em biblioteconomia, se casou com um diretor da subsidiária brasileira da multinacional francesa Rhodia e foi morar na zona rural de Campinas Foi em uma fazenda que ela iniciou a trajetória na militância pelos direitos humanos, ao notar que as crianças que eram filhos dos funcionários da fazenda onde havia plantações de cana-de-açúcar, viviam subnutridas, sem médico e sem escola. Margarida se uniu as mães e as lideranças católicas da região, construiu um posto de atendimento para os menores na fazenda, ergueu uma escola, uma igreja e trouxe atendimento médico regular para esta fazenda da Rhodia, onde atuou por 22 anos.
Graças a essa experiência, quando chegou a capital paulista, teve contato com o cardeal de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e começou a ajudá-lo a acolher as vítimas da ditadura militar que pediam socorro na Catedral da Sé. Em 1972 ela se torna a primeira mulher a integrar a Comissão Arns. Ela conta que não conhecia o cardeal-arcebispo pessoalmente e não tinha ideia das barbaridades cometidas pelo regime. Foi se informando nas primeiras reuniões, nos fundos da casa de dom Paulo, na cozinha, por segurança. Inconformada com as atrocidades do regime militar, passou a atender regularmente as pessoas que procuravam a Igreja para denunciar perseguição política e pedir apoio.
Na inauguração da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, em 2019, Margarida foi nomeada presidente de honra da entidade, posição que ocupa até hoje. Os colegas da Comissão contam que ela faz questão de acompanhar semanalmente as reuniões de trabalho da equipe.
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