Marinha e Exército descartam apurar conduta de militares no caso das joias
Forças só devem instaurar processos internos de investigação depois da conclusão de inquérito da PF
Os comandos da Marinha e do Exército informaram ao SBT News nesta 5ª feira (9.mar) que não irão instaurar nenhum processo interno para apurar a conduta dos quatro militares envolvidos diretamente com o escândalo dos diamantes que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
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O Exército disse, em nota, que como o tenente-coronel Mauro Cid, era braço direito do ex-mandatário, e estava vinculado à presidência da República, a apuração seria responsabilidade do órgão ao qual ele estava subordinado. O ajudante de ordens de Bolsonaro teria determinado que outro auxiliar do gabinete do ex-presidente fosse até o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em 29 de dezembro do ano passado, e tentasse liberar as joias apreendidas na delegacia alfandegária.
O sargento Jairo Moreira da Silva recebeu uma ligação do coronel logo após chegar, em Guarulhos. O militar que argumentava com o auditor fiscal pedindo que os diamantes fossem liberados, pede que o servidor da Receita atenda a ligação do tenente-coronel, mas o auditor responde que não pode atender telefonemas. Além de Jairo Moreira da Silva, outros dois militares da Marinha estão diretamente envolvidos no caso. O tenente Marcos André Soeiro, era assessor do ex-ministro Bento Albuquerque, e foi ele quem carregou as joias dentro de uma caixa na chegada da comitiva brasileira ao Aeroporto de Guarulhos. O contra-almirtante José Bueno Júnior enviou ofício para a Receita Federal depois do episódio, ainda em 2021, tentando liberar as joias com o argumento de que o os objetos iriam para o acervo da presidência. Dos três militares da Marinha, Bueno é o único que já está na reserva. O comando da Marinha resumiu o pedido feito pelo SBT em uma frase justificando que o caso está sendo apurado por outros órgãos.
No início desta semana, a Controladoria Geral da União (CGU) informou que abriu apurações internas para averiguar a conduta dos servidores civis, é o caso do ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes que teria pressionado os auditores que barraram a entrada ilegal das joias no Brasil. A CGU explicou que a conduta dos militares deveria ser apurada por cada uma das forças. Auxiliares do ministro da Defesa, Múcio Monteiro informaram que existe previsão no regimento interno para que processos administrativos sejam instaurados assim como acontece com os servidores civis.