Trabalhadores em situação análoga à escravidão são resgatados em Minas
Eles trabalhavam em um sítio de Bom Jardim de Minas (MG) e ganhavam cerca de R$ 400 por mês
Rafaela Vivas
Uma operação organizada pela Polícia Federal (PF), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Defensoria Pública da União (DPU) resgatou neste domingo (5.mar) três trabalhadores que estavam em condições degradantes de trabalho, uma das modalidades do trabalho análogo ao de escravos, no Sítio Serra Verde, em Bom Jardim de Minas, Minas Gerais.
A operação conduzida por 23 servidoras públicas federais e uma equipe inteira formada por mulheres, foi organizada em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no próximo dia 8. "A ação foi exclusivamente feminina. As motoristas das viaturas, toda a composição da equipe foi feminina", informou a auditora fiscal do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Andréia Donin, coordenadora da ação.
Segundo a auditora, as três pessoas estavam em situação de extrema miserabilidade. "Eles estavam ganhando entre R$ 400 e R$ 500 por mês. Estavam em condições muito precárias, principalmente em questões de alimentação, moradia. Já trabalhavam lá há muito tempo", disse.
Quando a equipe chegou ao local, no horário do almoço, comprovou que os três trabalhadores não tinham carne, só dispunham de arroz e feijão para comer. E se quisessem comer ovo, tinham que pagar R$ 1 por ovo à proprietária do sítio. "Eles não tinham ideia do valor do salário mínimo". Quando souberam que o mínimo tem valor de R$ 1.302, mostraram surpresa, porque recebiam R$ 100 por semana.
A auditora fiscal do trabalho informou que a dona do sítio está respondendo administrativamente ao Ministério do Trabalho. "Ela vai receber os autos de infração; não fez o pagamento das verbas rescisórias dos trabalhadores".
Pelo cálculo efetuado pelas servidoras públicas, só de verbas salariais rescisórias do período trabalhado deu R$ 177 mil. "Como ela não fez o pagamento, a Defensoria Pública da União vai ajuizar uma ação para cobrança desses valores".
Por meio de um representante, a proprietária do sítio fez acordo com o Ministério Público do Trabalho para o pagamento de indenização de R$ 5 mil, para cada trabalhador, a ser paga em dez parcelas de R$ 500. E
A auditora afirmou ainda que o procurador do Ministério Público Federal que ficar responsável pelo caso pode também fazer uma queixa-crime contra a dona do sítio, que estará sujeita, inclusive, à prisão por trabalho análogo à escravidão. O período de detenção vai variar de acordo com os agravantes.
*Com informações da Agência Brasil