CVM investiga conduta de diretores da Americanas em 10 processos
Presidente da Comissão de Valores Mobiliários falou em caso lamentável e gravíssimo
Luciano Teixeira
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado financeiro no Brasil, investiga a conduta dos diretores da Americanas em 10 processos.
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Nesta 3ª feira (14.fev), o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, sem citar nominalmente a empresa, falou em caso lamentável e gravíssimo.
Em evento promovido por um banco, João disse que práticas ilegais serão punidas. "Esse assunto é classificado internamente como gravíssimo", disse. "A CVM não poupará esforços para fazer o trabalho com rigor técnico e responsabilidade, mas a gente não vai poupar quem tenha cometido ilícitos que sejam capazes de fragilizar o mercado de capitais brasileiro", continuou o presidente da Comissão.
A CVM já abriu 10 processos administrativos para investigar a Americanas, que entrou em recuperação judicial após a revelação de um rombo contábil no início deste ano. A dívida total da varejista chega quase a R$ 50 bilhões. Há suspeitas sobre possível uso de informações privilegiadas e até mesmo de irregularidades na formalização do pedido de recuperação judicial.
Os processos também envolvem as auditoras KPMG e PWC, que aprovaram os resultados da Americanas entre 2017 e 2022.
A investigação na CVM é conduzida pelas áreas técnicas e não envolve o presidente nem o colegiado, para manter a isenção do processo. O caso da Americanas gerou dúvidas sobre a atuação de empresas de auditoria e o papel da CVM, que tem como função garantir que o mercado de capitais funcione sem fraudes.
Segundo especialistas, isso pode afetar a concessão de crédito a outras empresas no curto e médio prazo, principalmente por parte dos bancos.
"Sem crédito, dificilmente a Americanas ou outra varejista consegue atuar por muito tempo", diz Roberto Troster, professor de economia da USP. "O varejo vive de crédito, precisa de crédito pra vender, precisa de crédito pra comprar, em última instância isso significa crédito mais caro pro varejo no futuro" completa o economista.
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