PF deflagra operação contra contrabando de pessoas para os EUA
Investigados usavam empresa de viagens de Rondônia em esquema de travessia ilegal de migrantes
Emanuelle Menezes
Uma operação contra o contrabando de migrantes foi deflagrada na manhã desta 2ª feira (13.fev), em Rondônia, pela Polícia Federal e pela Agência de Investigações de Segurança Interna (em inglês, Homeland Security Investigations - HSI) da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Até o momento, foram identificadas 444 vítimas no período entre 2019 e 2022.
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A prisão de um dos líderes da organização criminosa foi feita em local de difícil acesso e foi acompanhada por agentes da HSI, com apoio de transporte aéreo do Grupo de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros e de apoio logístico das Polícias Civis de Rondônia e do Amazonas.
A 3ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Rondônia expediu dez mandados de busca e apreensão, que serão cumpridos em Rondônia, Amazonas, Tocantins e Goiás, além da prisão preventiva de cinco investigados e a prisão domiciliar de uma pessoa. Foram apreendidos dispositivos eletrônicos, documentos, bens de valor e armas de fogo.
A Justiça bloqueou mais de R$ 8 milhões das contas dos investigados e autorizou a inclusão dos mandados de prisão na Difusão Vermelha da Interpol, para cumprimento também nos Estados Unidos.
Operação Yankee
A investigação foi iniciada em junho de 2021, a partir de informações do Oficialato de Ligação da PF em El Paso/Texas-EUA, de que brasileiros de Rondônia estavam envolvidos em um esquema de contrabando de pessoas com destino aos Estados Unidos.
Ao longo dos meses de investigação, foi possível identificar centenas de pessoas, a maioria residentes em Rondônia, que conseguiram ingressar em território americano com o apoio dos denominados "coiotes".
A Polícia Federal passou, então, a monitorar os alvos e uma empresa aérea pertencente ao grupo, responsável por toda a logística de emissão de passaporte, compra de passagens e auxílio nos voos dos migrantes com destino ao México, de onde atravessam a pé para os Estados Unidos. A empresa de viagens e turismo, de Buritis (RO), operacionalizava o esquema e lavava o dinheiro recebido ilicitamente.
As contas bancárias da organização criminosa tinham, entre 2017 e 2021, uma movimentação superior a R$ 16,5 milhões, decorrente dos pagamentos dos migrantes pela atuação do grupo.
A quadrilha contava também com membros em território americano, responsáveis por receber aqueles que conseguiam cruzar as fronteiras de forma ilegal.