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Chefe do tráfico no porto de Santos desafia polícia em vídeos nas redes sociais

Treinado por guerrilheiros das FARCs, na Colômbia, criminoso vive escondido no mangue da Baixada Santista

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Keko
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É na região de mangue, na Baixada Santista, que parte da cocaína traficada para Europa e África, fica escondida. A proximidade com o porto de Santos, o maior da América Latina, não é por acaso.

Ao longo da série de reportagens, o SBT Brasil mostrou o preocupante aumento de apreensões de cocaína colocada nos cascos dos navios atracados no porto. Foram 6, no ano passado, e uma, este ano, totalizando mais de 840 quilos de droga apreendida.

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Segundo as investigações, o homem que guarda a droga e transporta os mergulhadores, durante a madrugada, até os navios é André Luiz dos Santos, de 47 anos, conhecido como 'Keko'. Treinado por guerrilheiros das FARCs, na Colômbia, ele vive no mangue e nunca foi preso.

Durante as tentativas da polícia de capturá-lo, Keko já baleou dois agentes do Comando de Operações Especiais (COE) e quase derrubou um helicóptero da PM paulista.

O criminoso, ligado à facção Primeiro Comando da Capital, o PCC, se esconde na mata, mas gosta de mandar recados com fotos e vídeos. Um relatório da polícia mostra que Keko, mesmo isolado, usa as redes sociais. Ele faz postagens para desafiar a polícia brasileira.

+ Tráfico no porto de Santos é chefiado por homem condenado a 90 anos de prisão

Keko criou 5 perfis no Instagram. Os nomes fazem referência a países marcados por guerras: Síria, Iraque e Afeganistão. Em meio às imagens sobre guerrilha, algumas retiradas da internet, investigadores encontraram uma postagem: a foto de uma mulher com a legenda "melhor mãe do mundo". De acordo com a polícia, esta é a mãe de Keko. Ela aparece em mais uma postagem, desta vez, ao lado de outra filha - irmã do criminoso.

Keko vive no mangue com um pitbull. O criminoso filmou e postou o pesado treinamento do animal. O cachorro também fazia exercícios na piscina construída no meio da mata. Em um dos vídeos, o cão aparece tirando um grande tronco de madeira da água.

A piscina foi localizada pela polícia depois da troca de tiros de Keko com os PMs do COE. O pitbull se feriu na mata, e Keko costurou os ferimentos do animal sem anestesia, filmou e postou na rede social.

O armamento pesado também aparece nas postagens feitas pelo traficante. Em uma delas, ele brinca com um sapo. Em outro registro, o traficante mostra seu poder de fogo. Centenas de munições, capacetes, coletes à prova de balas, soco-inglês e um fuzil com silenciador e mira telescópica.

O relatório da Polícia Civil mostra que o mesmo colete foi encontrado no meio da mata por militares do COE. O criminoso também deixou para trás uma armadilha. PMs encontraram uma granada pronta para explodir, amarrada a um fio esticado, no meio da mata. Um tropeço seria fatal.

Keko está condenado a 92 anos de prisão. Bancado pelo PCC, ele passou por um treinamento na Colômbia. O ex-policial militar da Baixada Santista, que pediu para não ser identificado, conta que as ações de Keko têm forte impacto na criminalidade da região.

"Deixam 'eles' mais à vontade, então, os indivíduos, eles vão e praticam mais delitos, ficam mais à vontade para matar quem eles quiserem, de poder atirar contra as viaturas policiais, buscar policiais militares na folga. [Um cara como esse encoraja o crime?] Encoraja, com certeza", diz o ex-PM.

Encoraja o crime e desafia o estado. "É um preso diferenciado, faccionado, que integra organização criminosa, procurado pela Justiça, condenado a mais de 92 anos, e que fica, diuturnamente, desafiando o sistema de Justiça, como se ficasse brincando de gato e rato", relata a desembargadora do Tribunal de Justiça, Ivana David.

Policiais falam abertamente sobre a dificuldade de prender Keko. Em uma de suas postagens desafiadoras, o criminoso escreveu: "antes sozinho no meio do mato, do que esquecido e amontoado em algum lugar, no fundo de uma cela. Pense nisso..."
 

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