SP: cabeleireiro denuncia áudios com ofensas racistas e preconceituosas
Crime de injúria, que pode dar até 5 anos de prisão, foi denunciado à polícia
Lívia Raick
Um cabeleireiro denunciou um colega de profissão após receber áudios com ofensas racistas e preconceituosas. O caso aconteceu em São Paulo.
As mensagens são gravadas pelo cabeleireiro Diego Bezerra Ernesto. "Não se ofenda. Eu não contrato gordo, eu não contrato petista e eu não contrato preto. Você está entendendo? Mas, no caso do preto porque, porque alguns se fazem de vítima da sociedade".
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Diego tem um estúdio, em um prédio comercial da zona oeste da capital paulista. As ofensas atingem vários grupos. "Eu já tive um outro auxiliar, também negro, e tive problema. E esqueci de falar, mano, não contrato mais vi***".
Hora depois, ele até tenta mudar o tom. "Eu estou te mandando esse áudio, cara, para me retratar com você. Eu estou aqui para pedir desculpas de coração para você, se você se sentiu ofendido de alguma forma".
Mas, não foi o suficiente. O colega de profissão, que é negro e recebeu os áudios, procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência contra Diego.
O rapaz, que prefere manter a idade preservada, conversou com a equipe do SBT. "Eu sou preto, minha família é preta, tenho muitos amigos gays, gordos, etc. Acho que isso não pode ficar impune não, e que ele precisa pagar pelo que ele fez. Por isso, eu resolvi vir a público", diz a vítima.
Integrante da Comissão de Igualdade Racial da OAB de São Paulo, Alexandre Ragepo lembra que a punição ao crime de injúria racial se tornou mais rigorosa, equivalente à do racismo.
"Ela prevê uma pena de 2 a 5 anos, mais aplicação de multa. Isso na esfera penal. É um crime que não prescreve. O agressor, ele vai responder, vai ter a pena ao final do processo, de acordo com as provas que foram produzidas nos autos, e também ele não tem direito à fiança", explica o advogado.
"Mexe demais com o psicológico da gente. Se todo mundo fizesse o que eu estou fazendo aqui seria menos pior", conclui a vítima.
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