Advogada é repreendida por desembargador por choro de criança
Constrangimento foi registrado durante sessão do Tribunal de Justiça do AM. Homem ainda questionou ética da trabalhadora
Thiago Pires
Uma advogada de Santa Catarina foi repreendida por um desembargador durante uma sessão on-line do Tribunal de Justiça do Amazonas por um motivo torpe: o choro do filho dela. O caso foi registrado na 2ª feira (22.ago) e o vídeo com o momento repercutiu nas redes sociais.
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Por conta da pandemia de covid-19, muitos setores adotaram videoconferências para a realização de encontros até julgamentos. O cenário, por conta dessa mobilidade, muitas vezes é a residência dos trabalhadores, sujeitos a interferências.
Durante a sessão, é possível ouvir o choro de uma criança no local onde a advogada Malu Borges Nunes estava. Nesse momento, o desembargador Elci Simões, presidente da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), ofertou a reprimenda. O bebê é o filho de um ano da advogada.
"Não deixe que outras interferências, barulhos, venham a atrapalhar a nossa sessão. É uma sessão do tribunal, não pode ter cachorro latindo e criança chorando. Então, se tiver alguma criança coloque em um lugar adequado para não atrapalhar a realização das nossas sessões", interpelou Simões.
O desembargador, sem demonstrar sensibilidade com a situação, ainda questionou a ética da profissional: "São barulhos que nos atrapalham, tira a concentração. [...] É preciso ver a ética da advogada. Tá certo, doutora Malu?". Constrangida, restou à advogada responder: "Ok, Excelência, agradeço a compreensão".
A mulher pediu a preferência, antes do início da sessão, para poder se manifestar antes em relação ao processo, já que estava com a criança de colo. O pedido foi negado pelo desembargador, justificando que a advogada estava em regime de home-office e não veria motivos para a prioridade.
A Ordem dos Advogados do Brasil catarinense (OAB-SC) se manifestou, repudiando a atitude do desembargador e pelo questionamento à ética. O caso ocorreu um dia após um advogado, também catarinense, levar o filho de um ano a um julgamento em Brasília. Ao contrário da mulher, o homem foi elogiado por todos os magistrados.
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