Catedral da Sé recebe ato em homenagem a Bruno Pereira e Dom Phillips
Viúvas de indigenista e jornalista mortos no Amazonas estiveram no local
SBT News
A Catedral da Sé promoveu, neste sábado (16.jul), um ato em memória ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista britânico Dom Phillips, assassinados em junho no Vale do Javari, Amazonas.
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A manifestação, organizada pela Frente inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, em parceria com a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, a Comissão Arns, o Instituto Vladimir Herzog e OAB-SP, teve a presença de Beatriz Matos e Alessandra Sampaio, viúvas de ambas as vítimas, e foi acompanhada por representantes indígenas e de diferentes religiões. O ex-senador Eduardo Suplicy (PT), os cantores Chico César e Daniela Mercury também estiveram no local, que contou com milhares de pessoas.
"Acho que a Justiça [para os crimes] é a garantia da sobrevivência dos povos indígenas do país. Que [os territórios] sejam um lugar seguro, bom para viver", disse Beatriz.
Alessandra, por sua vez, ressaltou a importância de conhecer a Amazônia para que o objetivo da preservação da floresta seja alcançado. "Preciso confiar na Justiça. Vamos seguir acompanhando e lutando", afirmou em relação às mortes de Dom e Bruno.
Vladimir Herzog
A escolha da Catedral da Sé para realização da manifestação foi encarada como simbólica. Ali, em 1975, milhares se reuniram em memória de Vladimir Herzog, jornalista assassinado pelos agentes do Estado durante a ditadura militar. O ato, conduzido pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, pelo pastor James Wright e pelo rabino Henry Sobel, foi encarado como decisivo para o restabelecimento da democracia no Brasil.
Entre os presentes no evento deste sábado, estavam Clarice e Ivo, viúva e filho de Herzog. No palco, ambos cumprimentaram Alessandra e Beatriz. Durante o ato, os religiosos defenderam a democracia, criticaram o governo federal e lembraram acontecimentos recentes, como a morte do petista Marcelo Arruda, assassinado por Jorge Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Já a cantora Daniela Mercury, que, ao final das homenagens, cantou o Hino Nacional, criticou o Marco Temporal, pontuando que a medida cria uma insegurança jurídica para a proteção dos povos indígenas. "Quando um de nós não tem o seu direito respeitado, o povo brasileiro está fragilizado. Quando mexem nas terras indígenas, mexem no direito de todos. Nós estamos vivendo uma barbárie", apontou a artista.
Assista a reportagem do SBT Brasil:
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