Guaranho é indiciado por morte, mas polícia descarta motivação política
Na internet, ele se apresenta como bolsonarista; no domingo (10.jul), ele matou militante do PT
SBT News
A Polícia Civil do Paraná apresentou nesta 6ª feira (15.jul), a conclusão do inquérito do assassinato de Marcelo Aloizio de Arruda, secretário do PT em Foz do Iguaçu (PR), no último domingo (10.jul).
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Segundo Camila Cecconello, delegada da Delegacia de Homicídios de Foz do Iguaçu, a partir da análise das imagens e dos depoimentos, o agente penal estava em um churrasco, quando tomou conhecimento da festa. Outra testemunha, que tinha acesso via celular das câmeras do clube, mostrou a comemoração ao agente penal. Naquele momento, Jorge José Guaranho não fez comentários e apenas perguntou qual era o local da festa.
O agente, então, sai do churrasco com a familia e vai ao local. Testemunhas disseram que ele ouvia música aluvisa ao presidente Jair Bolsonaro. Foi então que Marcelo Arruda saiu para ver quem era, troca algumas palavras e com as mãos, faz a letra "V".
Em seguida, Jorge Guaranho manobra o carro e volta a discutir sobre política. É neste momento que a vítima pega terra e joga em direção ao agente. A esposa dele, em depoimento, disse que a terra a atingiu e ao bebê e pediu para ir embora.
"Isso não vai ficar assim, nós fomos humilhados, vou retornar", disse Guaranho para a esposa antes de voltar para festa.
Após a discussão, Marcelo pega a arma no carro, enquanto outras pessoas vão até à entrada do clube pedir ao porteiro que feche o portão para evitar a entrada de agente penal. Garanho encontra o portão fechado, desce do veículo e abre. O porteiro avisa que ele não deveria entrar, mas o agente diz "sai da frente que o problema não é com você".
Ao perceberem a volta do agressor, a mulher do guarda municipal e outras pessoas, correm para avisá-lo. Jorge desce apontando a arma para a vítima que se identifica como policial e também está armado. A discussão dura cerca de três segundos, até que Guaranho dispara duas vezes contra Marcelo que cai ferido. O agente atira outras duas vezes mas erra, momento em que o guarda municipal reage e dispara 10 tiros, acertando quatro no agressor.
O tesoureiro do PT morreu no local. Num primeiro momento, a polícia informou que o assassino também teria morrido. Mas, em seguida, esclareceu que o agente penal federal foi socorrido e levado para o hospital. Ele ainda está em estado estável, sob cuidados médicos e escolta policial.
O celular de Jorge Guaranho foi apreendido apenas na última 5ª feira (14.jun), após decisão judicial sendo solicitada a quebra do sigilo telefônico e telemático. O aparelho está bloqueado e passará por perícia.
Ainda segundo a investigação, autor e vítima não se conheciam. Ambos haviam bebido, mas Marcelo não estava embriagado. Jorge apresentava sinais de embriaguez mas, ainda não há o resultado do exame realizado no hospital.
A testemunha que mostrou as imagens da festa pelo celular durante o churrasco, não foi indiciada e em depoimento, disse não imaginar que aquilo poderia acontecer.
A investigação contou com imagens de câmeras de segurança, diligências complementares e 17 testemunhas foram ouvidas. Entre elas, os convidados que estavam presentes na hora do tiroteio, familiares da vítima e também do policial penal federal que disparou contra Arruda. Participaram da entrevista coletiva o secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita, a delegada chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Camila Cecconello, a delegada da Delegacia de Homicídios de Foz do Iguaçu, Iane Cardoso.
Motivação política
A polícia civil do Paraná descartou motivação política no assassinato do guarda municipal e militante petista Marcelo Arruda. Segundo a delegada Camila Cecconello, "no momento em que Guaranho foi até o local pela primeira vez, ficou muito claro a provocação e a discussão com opiniões políticas. No entanto, não há provas suficientes de que, quando o agente penitenciário retorna ao local do crime, ele queria cometer um crime de ódio contra pessoas de outros partidos".
A delegada completou dizendo que "para você enquadrar num crime político, que a lei de crimes contra o estado democrático de direito, você tem alguns requisitos, como impedir ou dificultar uma pessoa de exercer seus direitos políticos. Então é complicado a gente dizer que foi motivado, ou que esse homicídio ocorreu porque o autor queria impedir o exercício dos direitos políticos daquela vítima. A gente analisa que quando ele chegou ao local ele não tinha essa intenção de efetuar os disparos, ele tinha a intenção de provocar. A gente avalia que esse acirramento da discussão, a escalada da discussão entre os dois é que acabou fazendo com que o autor voltasse e praticasse o homicídio. Então é muito difícil analisar os autos, com as provas que nós temos, e dizer que o autor foi até lá, voltou porque queria cessar os direitos políticos ou atentar contra os direitos políticos daquela pessoa. Parece muitas vezes mais uma coisa que acabou virando pessoal entre duas pessoas que discutiram, claro, por motivações políticas", afirmou.
O crime
O guarda municipal Marcelo Arruda festejava seus 50 anos com amigos e familiares na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), quando o agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu o local de carro gritando "Bolsonaro" e "mito". O homem, que estava armado, também teria ameaçado os convidados. A festa com temática do PT e do ex-presidente Lula, foi interrompida e os dois discutiram. Marcelo atirou pedras em direção ao carro do agente que chegou a deixar o local. Foi então que o petista buscou a arma funcional no carro.
O agente penal retornou após 10 minutos e desceu já apontando a arma para Marcelo. O guarda avisa ser policial, enquanto a esposa que é policial civil, pede calma ao homem, chegando a ficar na frente dele. Guaranho então dispara duas vezes contra Marcelo, que cai no chão. Mesmo ferido, o guarda municipal reage e dispara contra o policial penal federal, que também cai ferido, do outro lado do salão.
Federalização da investigação
O procurador-geral da República, Augusto Aras, aguarda a conclusão do inquérito da Polícia Civil do Paraná para decidir se é possível enviar o caso da morte do petista Marcelo Arruda à Justiça Federal.
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