Economia criativa cria mais de 800 mil postos de trabalho
Só nos primeiros três meses do ano, crescimento ultrapassou 10%
Luciano Teixeira
Quem trabalha com arte e cultura sofreu na pandemia, mas agora os números do setor estão otimistas. Nos primeiros três meses do ano, a chamada economia criativa criou mais de 800 mil novos postos de trabalho. Um crescimento de mais de 10%, segundo levantamento feito junto aos trabalhadores da área.
As peças de teatro estão entre as últimas atividades a voltar depois do isolamento social. Os atores de um musical que estreou há menos de 15 dias na capital paulista, além dos responsáveis por som, iluminação, camareiras, costureiras e toda a equipe dos bastidores que ajudam um espetáculo estão eufóricos com o momento da indústria.
"É o nosso trabalho. É a maneira como a gente sobrevive, profissionalmente. É como a gente se reconhece com diginidade. Então, as pessoas voltarem a trabalhar, também, faz com que a gente possa voltar a ter dignidade para viver", diz Victoria Ariante, coreógrafa.
A chamada economia criativa inclui artes, moda, design, artesanato, entre outras especialidades profissionais vive um "boom" de contratações. Desde o ano passado o setor criou 814 mil novos postos de trabalho. Os dados são do boletim da economia criativa, um levantamento da indústria cultural no país.
"O rendimento médio da economia criativa das indústrias culturais é mais de mil reais em relação ao rendimento médio do conjunto dos trabalhadores. Então, geramos mais empregos, e geramos empregos com melhores salários", Eduardo Saron, Diretor do Itaú Cultural.
No Brasil são 7 milhões e 400 mil trabalhadores ocupados nesse setor. Número que representou 12% de crescimento no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado. Mais do que a taxa média de retomada do emprego no país, medida pelo IBGE.
O motivo da alta se deve ao público voltar a consumir cultura e estar ávido por novas produções. "Muitos projetos, muitos eventos, muitas coisas presenciais voltaram ao mesmo tempo. Então a gente teve dificuldade de encontrar alguns profissionais especializados. A gente teve dificuldade com fornecimento de luz, fornecimento de equipamentos de som, que é um reflexo de todo mundo voltar ao mesmo tempo. Então é uma situação muito inédita para gente", diz Igor Pushinov, diretor residente da peça Grease.