Paraíba lança serviço para ajudar mulheres em transporte por aplicativo
Ferramenta, implementada em Campina Grande, tem por objetivo evitar casos de assédio e violência
Fernanda Trigueiro
Um aplicativo lançado para proteger mulheres no transporte público vem dando resultados positivos em Campina Grande, na Garaíba. A iniciativa da Prefeitura foi criada após um aumento de denúncias: na cidade, seis a cada dez passageiras já foram vítimas de crimes sexuais.
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Uma nutricionista de 36 anos, que, por segurança não será identificada, foi uma das vítimas. Ela solicitou uma corrida para casa e o motorista, no meio do caminho, se aproveitou da situção: "Ele parou o carro e ficou tentando me beijar, várias vezes. Eu não deixei e, por minha sorte e por má sorte dele, eu sou lutadora de jiu jitsu e eu, com as minhas técnicas, não deixei ele me beijar. Achei que o pior poderia acontecer, né, comigo porque eu estava sozinha".
A importunação e o assédio são crimes que desrespeitam, constrangem e atingem a honra de mulheres. A pena pode chegar a cinco anos de prisão. Em Campina Grande, de dez passageiras, seis já vivenciaram alguma situação constrangedora no transporte público e o combate deste tipo de violência pode partir das mãos da própria vítima. Pelo celular, a mulher não só denuncia o abusador como também consegue pedir socorro.
A prefeitura criou um aplicativo, o Julia -- Juntas Livre do Assédio. Mais do que uma assistente on-line, é uma conversa em tempo real. "Se ela se sentir em emergência, a gente consegue capturar a localização dela em tempo real, consegue, pelo mapa, pegar o número daquele veículo e, assim, solicita as câmeras e, se necessário, ajuda policial. A vítima pode ser anônima se ela preferir ou se identificar", explica Lohuama Lima, programadora da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos de Campina Grande.
Por meio de uma central, a vítima localizada passa a receber apoio de uma equipe multidisciplinar. "Essa mulher vai ser atendida por uma equipe composta por advogadas, psicólogoas, assistente sociais -- todas mulheres", diz Talita Lucena coordenadora executiva da Mulher.
A ferramenta já apresenta bons resultados. Desde que foi lançado -- em março, mês da mulher --, o aplicativo já teve mais de 10 mil acessos e quase 100 denúncias. Praticamente uma por dia. "Um número muito alto e a gente precisa desse serviços para combater e encorajar a mulher a denunciar. [É uma] rede de apoio a mulheres, composta por mulheres, feito por mulheres para mulheres", arremata Talita.