Alemanha eleva nível de alerta após cortes de gás: "estamos em uma crise"
Berlim entrou na fase 2 de um plano emergencial de três etapas para lidar com as consequências do desabastecimento russo
Giovanna Colossi
O governo da Alemanha anunciou nesta 5ªfeira (23.jun) que o país enfrenta uma crise de gás, após a Rússia, seu principal fornecedor, realizar diversos cortes no fluxo nas últimas semanas.
De acordo com o ministro da Economia, Robert Habeck, o país entrou oficialmente na fase 2 de um plano emergencial de três etapas. A decisão de elevar o nível segue os cortes nos fluxos de gás russo feitos desde 14 de junho e o aumento dos preços da energia exacerbados pela guerra na Ucrânia . O terceiro e mais alto estágio é o nível de "emergência".
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"A situação é séria e o inverno chegará", disse o ministro da Economia, Robert Habeck, em comunicado.
"A redução no fornecimento de gás é um ataque econômico contra nós por parte do (presidente russo Vladimir) Putin", disse ele. "Vamos nos defender disso. Mas nosso país terá que seguir um caminho pedregoso agora."
A Rússia reduziu na semana passada os fluxos de gás para a Alemanha, Itália, Áustria, República Tcheca e Eslováquia, enquanto os países da União Europeia estão se esforçando para reabastecer o armazenamento do combustível usado para gerar eletricidade, abastecer a indústria de energia e o aquecimento de casas no inverno. A gigante estatal de energia da Rússia, a Gazprom, culpou uma peça perdida enviada ao Canadá para reparos pelos cortes no gasoduto Nord Stream 1 que corre sob o Mar Báltico para a Alemanha ? o maior gasoduto de gás natural da Europa.
O governo da Alemanha disse que as demandas atuais de gás estão sendo atendidas e suas instalações de armazenamento de gás estão cheias até 58% da capacidade. Mas a meta de atingir 90% até dezembro não será possível sem outras medidas, disse.
"Mesmo que ainda não possamos sentir: estamos em uma crise de gás", disse Habeck.
Ele disse que a Alemanha não reagiria à situação mantendo todos os suprimentos que recebe para si e cortando os países vizinhos. Em vez disso, o governo pediu à indústria e aos residentes na Alemanha que reduzissem seu consumo o máximo possível.
"Os preços já estão altos e precisamos estar preparados para novos aumentos", disse Habeck. "Isso afetará a produção industrial e se tornará um grande fardo para muitos produtores."
Desde a declaração da primeira fase de seu plano de emergência em março , a Alemanha e outros países vêm tentando obter gás adicional de vizinhos europeus, como Holanda e Noruega, bem como gás natural liquefeito de produtores do Golfo e de outros lugares.
Para a preocupação de ambientalistas, o governo também anunciou no último domingo que aumentaria a queima de carvão, que é mais poluente, e reduziria o uso de gás para a produção de eletricidade.
* Com informações da Associated Press