Aras promete reforço ao MP e defesa do Estado à Amazônia
Procurador-geral da República visitou região de morte de indigenista e jornalista e fala em 30 procuradores exclusivos
Ricardo Brandt
O procurador-geral da República, Augusto Aras, prometeu neste domingo (19.jun), em Tabatinga (AM), reforços para o Ministério Público e disse que volta para Brasília "com disposição de mover as instâncias do Estado para a defesa da Amazônia e seus cidadãos, isolados ou não".
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
O chefe do Ministério Público Federal (MPF) viajou neste domingo até o Amazonas para visitar a região onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados há duas semanas, em 5 de junho.
Aras se reuniu com cinco lideranças dos povos indígenas do Vale do Javari, na divisa do Brasil com o Peru e Colômbia. Os indígenas afirmaram "que têm ocupado um importante papel no estado fazendo a vigilância do território principalmente contra a pesca ilegal".
O procurador-geral "se comprometeu a realizar a interlocução com o Ministério da Defesa e discutir a possibilidade da edição de decreto que autorize Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para o Vale do Javari, ainda que temporário, de modo a reforçar a presença das Forças Armadas no local", informou a PGR, em nota.
Segundo o órgão, "Aras e outros integrantes do MPF se deslocaram até o Amazonas para, além de manifestar apoio e assegurar a estrutura necessária para a continuidade do trabalho de apuração dos crimes, discutir medidas voltadas para a reestruturação do MP na região".
Reforço
De acordo com o PGR, a implementação de 30 novos ofícios do MPF, com procuradores que atuarão na área socioambiental na Amazônia - medida que foi anunciada em maio.
Aras afirmou que o MPF "está implementando a reestruturação, com alterações na distribuição geográfica da força de trabalho". "Graças a esse novo modelo foi possível destinar 30 novos ofícios para a proteção da Amazônia, seja na área da proteção ambiental, seja na defesa das populações originárias ou na frente criminal, quando ela se faz necessária, como agora."
"Deixamos claro o nosso apoio e nosso compromisso em contribuir para que o caso seja totalmente esclarecido e todos os envolvidos sejam responsabilizados. Não podemos tolerar qualquer tipo de violência sobretudo quando as vítimas são defensoras do meio ambiente e de populações tradicionais",
procurador-geral da República, Augusto Aras.
"Nossa Secretaria de Cooperação Internacional já está empenhada em articular com os órgãos de controle desses países vizinhos para buscarmos juntos soluções para enfrentar o crime organizado". Aras afirmou que o assunto será tema de reunião dos MPs do Mercosul (REMPM), nesta 3ª-feira (21.jun), no Paraguai.
Aras se reuniu também com procuradores da República que atuam no Amazonas, o procurador-geral de Justiça do estado, Alberto Rodrigues, o promotor Elanderson Lima, o secretário de Segurança Pública, Carlos Mansur. Ele esteve na sede do Exército. Buscou representantes do MPF, do Exército, Marinha, da Polícia Federal, Funai e outras instituições "para discutir medidas conjuntas de reforço da presença e atuação estatal na região".
O objetivo é o "combate à macrocriminalidade e ao enfrentamento de violações aos direitos indígenas, direitos humanos e outros crimes registrados na região". "O foco é discutir medidas e ações de restruturação da atuação institucional na região amazônica, bem como ampliar a articulação do MPF com outros órgãos públicos."
Leia mais:
+ PF já identificou 8 envolvidos nas mortes de Dom e Bruno
+ Para especialistas, impunidade aumenta risco de crimes no Amazonas