Diretora e funcionárias de creche são denunciadas por maus-tratos
A mãe desconfiou que o filho estava sendo negligenciado. Ele tem paralisia cerebral
Giselle Cabral
A justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público contra a diretora e funcionárias de uma creche, em Ramos, zona norte, suspeitas de maus-tratos envolvendo uma criança com paralisia cerebral.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Elas foram identificadas como: Danieli Alves Baptista Bonel, pedagoga, diretora e proprietária da creche-escola Tempo de Construir; e as professoras, Samantha Carla Alves Cavalcanti e Vitória Barros da Silva Rosa.
O menino Dante, que na época tinha três anos, chegou a ficar preso por algumas horas em uma cadeira. O menino tem paralisia cerebral do tipo grau 4, que só prejudicou as funções motoras da criança. A mãe, a policial militar Flávia Louzada, desconfiou que o filho estava sendo negligenciado, após uma denúncia anônima.
Ela, então, decidiu procurar à delegacia de Bonsucesso, que passou a investigar o caso. Os agentes apreenderam o HD, com as imagens das câmeras de seguranças da creche. Foi, então, que Flávia flagrou o que Dante passava. De acordo com ela, nas gravações era possível ver o menino se debatendo, estendendo o braço em direção as funcionárias, e sendo ignorado. A mãe da criança também relatou que, quando Dante chegava na rua da escola, a criança já começava a chorar desesperadamente.
No documento, o juiz Paulo Roberto Sampaio relatou que o menino "permaneceu sentado e contido em sua cadeira por horas. Até mesmo no momento da chamada "soneca", sendo privado de seu sono, além de não haver oferta de líquidos durante todo período que permaneceu na creche"
Além disso, o juiz relata que a criança recebeu "refeição distinta da oferecida aos demais alunos e com pouca higienização no tocante a troca temporária de fraldas, não foi levada para atividades e não houve interação com as demais crianças".
De acordo com as apurações, a diretora da escola tinha conhecimento dos maus-tratos que o menino sofria e chegou a participar de alguns desses momentos. A mãe relatou, ainda, que o filho ficava o dia inteiro sem beber água, e que, por isso, foi hospitalizado com infecção urinária. A diretora da escola teria dito que não colocava Dante no chão por questões ligadas à Vigilância Sanitária e que a criança sempre teve dificuldade para aceitar água.
Em abril, a mãe de Dante registrou ocorrência na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) sobre a outra filha dela, Helena, que também teria sofrido maus-tratos na mesma creche. Outras mães também procuraram à delegacia para registrar ocorrência contra maus-tratos sofridos pelos seus filhos no local.
Uma ex-funcionária também prestou depoimento na delegacia confirmando que outros dois meninos eram presos em um quarto escuro, na cadeira de alimentação, como castigo. As funcionárias acusadas e a diretora seguem trabalhando normalmente.