MP convoca Volkswagen para audiência sobre suposto trabalho escravo
Montadora foi convocada para audiência em 14 de junho, na sede da Procuradoria-Geral do Trabalho, no DF
SBT News
O Ministério Público do Trabalho (MPT) convocou a Volkswagen do Brasil para discutir a responsabilização por trabalho escravo e violações aos direitos humanos que teriam ocorrido em um fazenda da empresa no Pará, no período da ditadura militar. A investigação sobre o caso começou em 2019, depois que a instituição recebeu documentação impressa com denúncias. A audiência está marcada para 14 de junho, na sede da Procuradoria-Geral do Trabalho, em Brasília.
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O procurador do Trabalho Rafael Garcia Rodrigues, que coordena a investigação sobre o caso, explica que o grupo de trabalho institucional concluiu pela responsabilidade da Volkswagen pelas graves violações aos direitos humanos ocorridas dentro da fazenda de sua propriedade. Essas violações incluiriam falta de tratamento médico nos casos de malária, impedimento de saída da fazenda, em razão de vigilância armada ou de dívidas contraídas, alojamentos instalados em locais insalubres, sem acesso à água potável e com alimentação precária.
Segundo o procurador, a fazenda é um dos maiores empreendimentos rurais da região amazônica, iniciado na década de 1970, e subsidiada pelo governo militar, sobretudo por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Banco da Amazônia S/A (Basa). "A fazenda estava inserida no projeto da ditadura civil-militar brasileira de desenvolvimento da Amazônia por meio de grandes fazendas." Subsidiária da Volkswagen, a Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Comércio e Indústria (CVRC) mantinha cerca de 300 empregados diretos, para funções administrativas, de vaqueiro, segurança e fiscalização, mas os serviços de roçagem e derrubada da floresta, realizado nas frentes de trabalho, eram executados por trabalhadores sem vínculo empregatício.
As denúncias de tráfico de pessoas e trabalho escravo se referem, em particular, a esses lavradores aliciados por empreiteiros a serviço da CVRC para roçar e derrubar mata na Fazenda Volkswagen.
A documentação foi apresentada ao MPT pelo padre Ricardo Rezende Figueira, coordenador de grupo de pesquisa sobre trabalho escravo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os fatos teriam ocorrido na Fazenda Vale do Rio Cristalino, conhecida como Fazenda Volkswagen, em Santana do Araguaia (PA)
Em nota, a Volkswagen do Brasil reforçou seu compromisso de contribuir com as investigações envolvendo direitos humanos de forma muito séria. E afirmou que não comentará o assunto até que tenha clareza sobre todas as alegações.