Queda nas taxas de vacinação ameaça saúde das crianças, diz Butantan
Casos de sarampo e poliomielite, por exemplo, correm o risco de voltar a ser recorrentes
O Instituto Butantan alertou, na tarde de 2ª feira (7.mar), para a queda na taxa de vacinação das crianças, que estão ficando mais vulneráveis a doenças já erradicadas no país, como sarampo e poliomielite. Embora o índice de imunização ideal seja acima de 90%, dados do Ministério da Saúde indicam que a taxa geral de vacinação tem ficado abaixo desse valor desde 2012, chegando a 50,4% em 2016. No último ano, a porcentagem foi de 60,7%.
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Segundo o Instituto, um dos principais imunizantes do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), que registra números de cobertura insuficientes desde 2017. No período, o indicador registrou 86,2%; em 2021, a cobertura caiu para 71,4%. Esse decréscimo vem contribuindo para o surgimento de novos surtos de sarampo e, em casos mais graves, causando pneumonia e inflamação no cérebro.
A procura pela vacina contra poliomielite, por sua vez, caiu de 96,5% em 2012 para 67,6% no último ano. A doença foi considerada erradicada no Brasil em 1989, quando ocorreu o último caso, mas a queda da imunização coloca em risco esse avanço. Os sintomas da poliomielite incluem febre, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos e rigidez na nuca. O vírus pode atingir o sistema nervoso e causar paralisia permanente nas pernas ou braços.
Outra vacina aplicada no público infantil é contra o rotavírus, que provoca uma infecção no trato digestivo e é a causa mais comum de diarreia grave com desidratação em crianças pequenas entre três e 15 meses de idade. O vírus causa aproximadamente 215 mil mortes por ano no mundo em meninos e meninas com menos de cinco anos, principalmente em países em desenvolvimento. Os índices de vacinação contra o rotavírus no Brasil reduziram de 86,3% em 2012 para 68,3% em 2021.
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Para a diretora do Laboratório de Biotecnologia Viral do Instituto Butantan, Soraia Attie Calil Jorge, a vacinação é a forma mais efetiva para a eliminação de uma doença viral e as consequências dos baixos índices de imunização não devem ser ignoradas. "A curto prazo, no caso de uma pandemia como a que vivemos, a redução da vacinação torna impossível controlar a disseminação do vírus e, portanto, eliminar ou diminuir os índices de pessoas doentes. A longo prazo, pode ocorrer a reemergência de um vírus, além de impedir o controle da doença", explica.
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