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Com Moro, Podemos mira em militares para compor bancadas em 2022

Partido abriga general Santos Cruz e quer ampliar número de parlamentares em grupos que apoiam Bolsonaro

Com Moro, Podemos mira em militares para compor bancadas em 2022
Sergio Moro
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Após a filiação do general Santos Cruz, o Podemos mira em integrantes das Forças Armadas para compor as bancadas no Congresso em 2022 e apoiar a candidatura do ex-juiz Sergio Moro ao Planalto. O grupo foi decisivo para a vitória do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018 e deve ser disputado também pelo capitão reformado para a reeleição. Até o período oficial de campanha, a presidente da sigla, Renata Abreu (SP), mantém uma agenda de conversas com os militares da reserva. 

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O objetivo, segundo Renata, não é necessariamente ampliar filiações, mas compor o projeto da legenda para o ano que vem. Como Santos Cruz, que já desempenha na campanha de Moro um lugar de conselheiro político. Nas próximas semanas, a sigla vai anunciar novos nomes de peso, que miram justamente nas pautas de combate à corrupção e de segurança pública.

As conversas já se iniciaram com os generais da reserva Otavio Rêgo Barros, ex-porta-voz de Bolsonaro; Theophilo de Oliveira, ex-secretário de segurança na gestão de Moro na Justiça; e Paulo Chagas, candidato ao Governo do Distrito Federal em 2018. Os quatro oficiais, incluindo Santos Cruz, não têm maiores influências com o pessoal da ativa das Forças Armadas. Assim, Moro precisa de militares com mais influência sobre a tropa, algo que precisa ser conquistado para buscar mais apoios entre os hoje apoiadores de Bolsonaro.

Nos bastidores, pode-se esperar novos vídeos de Moro nas redes sociais anunciando "surpresinhas" no partido. Como uma filiação mistério agendada para 4 de dezembro, no Rio Grande do Sul. Deve ocorrer também, mas no próximo dia 10, um evento em Curitiba para que o ex-procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol, aliado de Moro, filie-se ao Podemos:a intenção é concorrer a deputado federal.  

Apontado como um dos principais candidatos da terceira via, Moro já prepara viagens pelo país para compor alianças. Na semana que vem, divulgará o lançamento do livro "Contra o sistema da corrupção" em quatro capitais: Curitiba, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro e buscará encaixar novas reuniões para ganhar musculatura nacional. Com a filiação de Bolsonaro ao PL, o ex-juiz disputa também outros grupos de apoio com o atual presente, como políticos do Centrão e evangélicos. 

Segundo interlocutores da cúpula do Podemos, desde que Moro se filiou ao partido, o Republicanos e o Patriota já procuraram a sigla para conversas. Há, ainda, a ligação com o União Brasil, legenda criada a partir da fusão do DEM e do PSL, que reunirá o maior tempo de televisão para o próximo pleito. A cúpula do novo partido tenta emplacar o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta como candidato a vice. Ele, inclusive, abriu mão da sua pré-candidatura por acreditar que o ex-juiz terá mais força para derrotar Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida à Presidência.

Quem escuta os discursos de Moro desde a sua filiação, há duas semanas, percebe o tom utilizado por ele: evita citar Lula, que foi preso pela Lava-Jato, e Bolsonaro, ex-aliado dele, apesar de criticar as recentes ações do Executivo e o escândalo das "rachadinhas" no gabinete de um dos seus filhos. A estratégia é focar na imagem do ex-juiz como um político sério, com propostas econômicas em meio à crise, para depois dar lugar ao "Moro político", que então atacará seus principais adversários.

Na cerimônia de filiação de Santos Cruz, onde fez seu último discurso público, Moro disse que o país passa por "retrocessos", fez críticas tímidas ao atual governo e relembrou a trajetória do general como ministro. "Ele (Santos Cruz) não teve nenhum receio de se retirar do governo quando percebeu que, na verdade, o plano do governo não era exatamente construir um país melhor, mas simplesmente atender a objetivos pessoais do governante do momento".
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