Ausência de Bolsonaro na COP26 é ruim para o Brasil, diz ex-embaixador
Rubens Barbosa reclama que o país perdeu protagonismo na discussão climática; confira entrevista
SBT News
O Brasil se colocou em uma posição negativa diante do mundo por não ter a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26. Essa é a avaliação de Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior e ex-embaixador do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, e em Londres, na Inglaterra. Ao SBT News, Barbosa considera que as críticas sobre a política de meio ambiente do governo brasileiro deveriam ser rebatidas diretamente pelo presidente.
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"Eu entendo as razões pelas quais ele [Bolsonaro], não quis ir. Porque ele ia ficar muito visado, exposto pelas críticas que são feitas no exterior. Agora, era importante que o governo brasileiro fosse representado num nível mais alto. É negativo para o Brasil", declara o ex-embaixador que atualmente preside o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE).
Na avaliação do diplomata, a delegação brasileira que representa o Brasil na COP26 tem capacidade técnica, mas falta a presença política brasileira. "Quando essa reunião é de nível político, deveria ter sido o presidente, ou o vice-presidente, ou o ministro das Relações-Exteriores o chefe da delegação", pondera.
O ex-embaixador também destaca os desafios que o Brasil deve enfrentar na Cúpula do Clima: o aumento de emissões de poluentes pelo país, principalmente pelas queimadas, o desmatamento e o garimpo ilegal. "Está faltando mais força e determinação do governo para impedir esses ilícitos de continuarem. E também há a questão indígena, que há muita crítica no exterior", avalia.
O protagonismo e a Amazônia
O ex-embaixador relembra que o Brasil foi protagonista em negociações sobre meio ambiente e mudança do clima, e considera que o pais perdeu o protagonismo nas duas áreas: "Nós tínhamos tudo para estar dirigindo e influenciando a determinação dessas políticas. E, ao contrário, nós estamos na defensiva para evitar retaliações na área de comércio exterior com produtos agrícolas brasileiros"
Rubens Barbosa ainda aponta que o foco político do país é a Amazônia. "A gente pode não gostar, pode encontrar outra justificativa, mas o fato é este. A Amazônia é o foco da política ambiental e da mudança de clima no mundo. Se nós não tivermos respostas para as críticas que estão sendo feitas, nós vamos continuar sendo criticados", conclui.
