Amazônia já tem área de exploração madeireira equivalente a 3 cidades de SP
Falta de acesso aos dados dos Estados, no entanto, impede a checagem total da legalidade das ações
SBT News
Um levantamento divulgado pela Rede Simex no sábado (4.set) mostrou que a exploração madeireira na Amazônia atingiu 464 mil hectares entre agosto de 2019 e julho de 2020. A área, segundo os pesquisadores, é equivalente a quase três vezes a cidade de São Paulo.
O mapeamento, baseado em imagens de satélite, identificou que mais da metade da exploração de madeira foi em Mato Grosso, com 236 mil hectares -- correspondente a 50,8% do total contabilizado. A segunda maior área explorada foi no Amazonas, de 71 mil hectares (15,3%), e a terceira, em Rondônia, de 69 mil hectares (15%).
Ao menos 11% dessa exploração ocorreu em áreas protegidas. No Parna dos Campos Amazônicos, por exemplo, onde a exploração é proibida, foram contabilizados 9 mil hectares explorados. Já nas unidades de conservação, onde a atividade pode ser autorizada dependendo da categoria, foram mapeados 28 mil hectares.
Segundo os pesquisadores, também foram contabilizados 24 mil hectares de exploração em terras indígenas. O território indígena Tenharim Marmelos, no Amazonas, foi o mais explorado no período em questão, com 6 mil hectares de madeira retirados. Em seguida, aparecem duas terras indígenas do Mato Grosso: Batelão, com 5 mil hectares, e Aripuanã, com 3 mil.
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A exploração de madeira também pode ser ilegal caso não haja autorização de órgãos ambientais para a retirada de árvores. No entanto, devido aos diferentes níveis de disponibilidade de dados de autorização por parte dos Estados, os pesquisadores não puderam diferenciar a exploração madeireira autorizada da não autorizada para toda a região.
Hoje, apenas Mato Grosso e Pará possuem processos de transparência sobre quais áreas são autorizadas para a retirada de árvores com valor comercial, assim como em quais a ação é proibida.
Rede Simex
A Rede Simix é integrada por pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do Instituto Centro de Vida (ICV). A colaboração foi formada para que o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), que já era realizado no Pará e Mato Grosso, pudesse ser ampliado para outros Estados da Amazônia.
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