Justiça autoriza volta do miliciano Orlando Curicica para o Rio
Miliciano ainda tem grande influência na região antes dominada por ele, na zona oeste do Rio
O miliciano Orlando Oliveira de Araujo, o Orlando Curicica, preso desde 2018 no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, será transferido para o Rio de Janeiro. A determinação é do juiz federal Walter Nunes da Silva Junior. Orlando foi levado para uma unidade de segurança máxima de Mossoró por conta das suspeitas do seu envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes. Ambos foram executados em março de 2018, no bairro do Estácio, região Central do Rio. Em março de 2019, a polícia prendeu os seus executores, o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos,
A volta de Orlando Curicica para o Rio pode ser o estopim de uma nova guerra pelo controle dos negócios do crime organizado deixados para trás pelo miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko. Ele morreu após ser baleado em uma operação da polícia civil na comunidade das Três Pontes, em Paciência, Zona Oeste do Rio. Grupos rivais a Ecko estão se movimentando para dominar regiões antes controladas por ele.
Orlando Curicica é acusado de chefiar uma milícia no bairro de Curicica, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Em razão disso ganhou esse apelido. Mesmo preso, ele ainda estaria comandando ações criminais na região. A decisão de sua transferência para o Rio foi tomada no último dia 2, mas ainda não se tem uma previsão de quando será feita. A decisão pela transferência ocorreu em função do término do prazo de permanência do miliciano em uma unidade prisional federal, como prevê a lei.
Orlando Curicica foi preso em 2017, por policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais - Draco, em Vargem Pequena, Zona Oeste do Rio. No momento de sua prisão, ele estava acompanhado da mulher e duas crianças. Com ele, a polícia apreendeu duas pistolas, carregadores, colete balístico e um carro blindado.
A Justiça do Rio e a polícia ainda não se posicionaram sobre a volta de Curicica, embora a Justiça Federal do Rio Grande do Norte já tenha feito o comunicado às autoridades cariocas, desde o dia em que foi decidido sua transferência.
Durante investigações conduzidas pela Polícia Federal, Orlando Curicica chegou a ser apontado como aliado do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, como um dos mentores do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Ele negou sua participação no crime e nada foi provado contra ele até hoje.
Ainda segundo a Polícia Federal, no curso das investigações Orlando Curicica disse em depoimento que chegou a participar de um encontro com um dos chefes do "Escritório do Crime Organizado" que trabalhou como assessor político do então deputado estadual Domingos Inácio Brazão. O encontro teria ocorrido em 2017, no Mirante do Roncador, Zona Oeste do Rio. Nesse encontro é que teria surgido a informação sobre o mandante da morte de Marielle Franco.
Domingos Inácio Brazão é empresário do ramo de postos de gasolina. Na época, também chegou-se a investigar uma possível participação dele no assassinato da vereadora. As investigações acabaram não dando em nada. Atualmente ele é conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado. Brazão sempre negou qualquer envolvimento no crime.