Carrefour fecha acordo e pagará R$ 115 mi após morte de João Alberto
Em nota, o grupo afirmou que indenizou a família da vítima e reformulou o modelo de segurança nas lojas
O Carrefour assinou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no valor de R$ 115 milhões para investir em ações de combate ao racismo. A decisão, divulgada na noite de 6ª feira (11.jun), refere-se às políticas de reparação e promoção de igualdade racial adotadas pela empresa após a morte de João Alberto, homem negro assassinado em uma unidade da rede em Porto Alegre (RS), em novembro de 2020.
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O acordo foi firmado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Trabalho (MPT). A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE-RS), Defensoria Pública da União (DPU) e as entidades Educafro também participaram da decisão.
Segundo o Carrefour, o termo "reafirma o seu compromisso irrevogável de lutar contra o racismo e de atuar como um agente de transformação da sociedade". Recentemente, a empresa anunciou que concluiu o acordo de indenização à viúva da vítima, Milena Alves. "O Grupo já indenizou todos os membros da família, reformulou o modelo de segurança nas lojas e vem colocando em prática os demais compromissos assumidos publicamente desde novembro para promover a equidade".
Para a promotora de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, Gisele Müller Monteiro, o termo transforma um "um fato triste, que é a perda da vida do João Alberto, em algo construtivo". "A intenção é de que isso não se repita", pontua.
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Ainda de acordo com a promotora, foram seis meses de negociações semanais diretas com os movimentos sociais representativos da população negra e demais entidades que assinam o TAC.
Em nota, o presidente do Grupo Carrefour Brasil, Noël Prioux, ressaltou que o termo "não reduz a perda irreparável de uma vida, mas é uma medida tomada com o objetivo de ajudar a evitar que novas tragédias se repitam. Com este novo passo, o Grupo reforça sua postura antirracista, ampliando sua política de enfrentamento à discriminação e à violência, bem como da promoção dos direitos humanos em todas as suas lojas".
Relembre o caso
João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, morreu em 19 de novembro de 2020 após ser espancado por dois seguranças de uma loja do do supermercado Carrefour, localizado na zona norte de Porto Alegre.
A vítima morreu às vésperas do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, em referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.