Morto aos 60 anos, Geleião estava preso desde os 19; veja condenações
José Felício foi um dos fundadores do PCC. Da cadeia, ele acompanhou 10 Copas e não tinha previsão de soltura
José Márcio Felício, mais conhecido como Geleião, morreu nesta 2ª feira (10.mai), aos 60 anos, enquanto cumpria uma pena que o deixou atrás das grades por mais de 40 anos. A previsão era de que ele passasse o resto da vida na cadeia, por ter recebido uma série de acusações, inclusive enquanto esteve preso.
Geleião foi detido em 1979, quando tinha 19 anos, e nunca mais saiu da cadeia. Ele morreu aos 60 anos, e cumpria uma pena de mais de 14 décadas. Enquanto esteve detido, ele acompanhou 10 Copas do Mundo: torneios de 1982 a 2018. No mesmo período, o Brasil teve nove presidentes da República -- à época da prisão, o país sequer tinha eleições.
Ele foi condenado por diferentes crimes ao longo desse período, como estupro, homicídios, roubo e formação de quadrilha, e ainda respondia uma ação de uma penitenciária de Curitiba, no Paraná. Ele é indicado como um dos responsáveis por uma rebelião no local que terminou com três presos e um agente penitenciário mortos, em 2001.
José Felício foi um dos fundadores do Primeiro Comando da Capital (PCC), mas chegou a romper com o grupo. Delações prestadas por ele levaram à prisão de Marcola. Após deixar o PCC, Geleião ajudou a criar outra facção criminosa, O TCC (Terceiro Comando da Capital).
A morte de Geleião se deu por complicações decorrentes da covid-19. Ele era hipertenso e estava internado desde abril, após ter contraído a doença. O óbito foi divulgado pela Secretaria da Administração Penitenciária. De acordo com a secretaria, ele morreu por volta das 6h30.
Outras mortes no sistema prisional
Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aponta que, até 5 de maio, o sistema prisional brasileiro havia registrado mais de 76 mil casos e 401 mortes por covid-19.
Em São Paulo, foram registrados, até 5 de abril, 40 mortes entre detentos e 60 mortes de servidores provocadas pelo novo coronavírus.