Caso Ágatha: Laudo conclui que tiro de fuzil partiu de um PM
O documento confirmou ainda que não houve troca de tiros e que os homens que estavam na moto não estavam armados, refutando a versão dos policiais
SBT News
A Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu, nesta terça-feira (19), que a bala que matou a menina Ágatha Félix, no dia 20 de setembro, partiu do fuzil de um policial militar.
O resultado, porém, já era esperado pela família da criança de 8 anos. "A família sabia que o tiro saiu do policial e sabia que ele assumiu o risco na hora de dar esse tiro", declarou o advogado dos familiares, Rodrigo Mondego.
Segundo a investigação, que durou dois meses para ser concluída, o disparo foi feito por um cabo da polícia militar, que não teve o nome divulgado. A menina estava com a mãe, em um kombi, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, quando foi atingida por um tiro nas costas.
À época, o policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) alegou que atirou contra uma dupla de moto que estaria fugindo de uma blitz.
De acordo com a reconstituição feita pelos peritos, a moto com dois homens passou pelos PMs em alta velocidade e, em seguida, um dos oficiais disparou contra o veículo. A bala de fuzil, então, bateu no poste e se fragmentou.
Um dos pedaços do projétil ricocheteou na tampa do motor da kombi, atravessou o banco traseiro e atingiu Ágatha nas costas.
A Polícia Civil ainda concluiu que os homens na moto não estavam armados e nem atiraram contra os PMs - o que refuta a alegação anterior de que teria acontecido um tiroteio.
"Até a moto passar, não houve tiro por parte de ninguém. Os policiais alegam que foram dados tiros por parte da motocicleta, mas nós provamos que não", explicou o delegado Marcus Drucker, da Delegacia de Homicídios do Rio.
Diante do erro fatal, o policial militar teria dito a companheiros de farda que está muito mal por ter atingido a menina. Conforme aponta o inquérito, o cabo da UPP confundiu uma esquadria de alumínio que o garupa segurava com uma arma.
"A intenção era atingir outra pessoa, mas, por um erro na execução, infelizmente atingiu a menina", lamentou o delegado Daniel Rosa, da Delegacia de Homicídios.
O agente será indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar, mas não foi preso por colaborar com as investigações. O PM foi afastado do trabalho nas ruas.