Frota de aviões agrícolas no Brasil dobra em 10 anos
Mato Grosso concentra quase um quarto das aeronaves usadas no cultivo de grandes lavouras
Nos últimos 10 anos, o Brasil dobrou sua frota de aviões agrícolas, um recurso essencial para o manejo de grandes lavouras. De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), o país passou de 1.300 aeronaves registradas para cerca de 2.600.
O estado de Mato Grosso lidera com mais de 600 aviões, seguido pelo Rio Grande do Sul e São Paulo, com 420 e 320 aeronaves, respectivamente.
Antes de decolar, em Primavera do Leste (MT), o piloto realiza uma série de verificações, tanto na aeronave quanto no relatório operacional, que contém detalhes sobre o trabalho a ser realizado, como a quantidade de insumos a ser aplicada e as condições climáticas. Segundo o engenheiro agrônomo Sandro Randin, “o processo começa no relatório, que segue as diretrizes do receituário agronômico, sendo acompanhado por um técnico executor”.
A tecnologia tem um papel crucial nesse cenário. O painel da aeronave dispõe de um sistema semelhante a um GPS, que indica as áreas de aplicação de fertilizantes, sementes ou produtos contra pragas. Randin explica que o GPS assegura a precisão, evitando áreas sensíveis como nascentes e povoados, o que reduz riscos à saúde humana.
As vantagens da aviação agrícola são evidentes. Enquanto máquinas terrestres de pulverização cobrem entre 10 e 60 hectares por hora, uma aeronave consegue atingir até 350 hectares no mesmo período. O empresário e piloto Cristiano Rambo afirma que a aviação não só é mais rápida como evita o contato com as culturas, diminuindo a disseminação de vetores de doenças.
Para atuar na aviação agrícola, os pilotos precisam de uma certificação específica que exige ao menos 370 horas de voo comercial e treinamento em técnicas de voo a baixa altitude e tecnologias específicas. A expansão dessa frota reflete a crescente demanda por eficiência e sustentabilidade na agricultura de larga escala, como afirma a presidente do Sindag, Hoana Almeida: “Hoje, não há como pensar em agricultura em grande escala sem essa tecnologia, que oferece agilidade, precisão e sustentabilidade.”