Abelhas no Brasil pós-tragédias
Enchentes e queimadas estão dizimando populações de abelhas e comprometendo a polinização no país
Muitas pessoas associam as abelhas à produção de mel, mas a função principal desse inseto na natureza é a polinização. Nas flores, as abelhas captam o pólen, em uma jornada fundamental para a produção de alimentos.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cerca de 70% das culturas agrícolas e 85% das plantas com flores presentes nas matas e florestas dependem da polinização das abelhas.
Isso inclui árvores frutíferas, como castanha e laranja, grãos como café e canola, e até plantas medicinais. Além disso, as abelhas produzem muito mais do que mel: há a própolis, o pólen, a geleia real e a cera de abelha, produtos de alto valor nutricional e terapêutico.
O Brasil tem mais de 350 mil produtores de mel. A atividade gera emprego e renda, ajuda na diversificação da propriedade rural e beneficia muito o meio ambiente, pois as abelhas são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas e para a vida de todos nós.
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Isso vale tanto para a Apis mellifera (a espécie mais comum) quanto para as abelhas sem ferrão, que são menores e, como o nome indica, não possuem ferrão. Os principais municípios produtores de mel são Arapoti e Ortigueira, no Paraná.
No maior estado produtor do Brasil, o Rio Grande do Sul, as enchentes provocaram a morte de 6 bilhões de abelhas, e a produção de mel caiu 70%.
Nas últimas semanas, as queimadas florestais também preocupam o setor, pois, com a destruição da vegetação, as abelhas, assim como outros insetos, morrem de fome.
A contaminação da água causada pelas chamas é outro problema. A perda das abelhas pode levar ao declínio da polinização e à redução das sementes de plantas que dependem exclusivamente das abelhas para se reproduzirem.
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No Mato Grosso, estado que mais sofreu queimadas desde janeiro, os incêndios estão devastando as principais fontes de alimento das abelhas, como o néctar e o pólen, encontrados nas plantas nativas da região, afetando diretamente as colmeias.
No interior de São Paulo, a onda de incêndios já destruiu apiários e chegou a níveis críticos, comprometendo a produção de mel e a polinização das plantas. Produtores estimam que milhões de abelhas morreram por não resistirem à fumaça e ao calor, e veem o trabalho de uma vida inteira desmoronar.
As abelhas que conseguem buscar novos locais para viver podem se dirigir para áreas urbanas, onde encontram refúgio, segurança e alimentação, o que pode resultar em encontros indesejados.
A orientação dos bombeiros é: NÃO tente remover, usar fumaça, inseticida ou qualquer tipo de veneno. Feche portas e janelas e se afaste o máximo que puder. Proteja pescoço, rosto e cabeça, as regiões mais sensíveis em caso de ataque.
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Matar abelhas é crime ambiental, com pena de 6 meses a 1 ano de prisão, além de multa. O melhor é chamar os bombeiros.
Assim que a situação estiver controlada, será necessário apoiar e incentivar os criadores afetados pelas ocorrências climáticas, para que consigam retomar suas atividades e sigam firmes, tanto na apicultura quanto nas demais áreas da agricultura e pecuária.