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Política

"Trump tem relação com Bolsonaro, não com o Brasil", diz Lula

Falando sobre o tarifaço, presidente voltou a afirmar que líder norte-americano "nunca quis conversar"

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva | Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não tem contato com seu homólogo nos Estados Unidos, Donald Trump. Em entrevista à BBC, exibida na quarta-feira (17), o líder afirmou que o republicano “nunca quis conversar” e que seu relacionamento é diretamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e não com o Brasil.

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A declaração ocorreu em menção à tarifa comercial de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros. Ao anunciar a medida, em julho, Trump citou, entre outras motivações, a “perseguição política contra Bolsonaro”, referindo-se ao então julgamento por tentativa de golpe, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na entrevista, Lula citou o fato de que Trump anunciou as tarifas comerciais ao Brasil por uma carta divulgada nas redes sociais, e não “de forma civilizada”, por meios diplomáticos oficiais. Mesmo assim, o presidente disse que o governo se mostrou disposto a dialogar, mas que nunca teve retorno da Casa Branca.

"Sempre estivemos abertos ao diálogo. Nós tentamos entrar em contato muitas vezes. Tivemos várias reuniões e mandamos uma carta cobrando uma resposta das negociações que a gente tinha feito. Ele [Trump] nunca quis conversar”, disse Lula.

Questionado sobre uma possível solução para o impasse entre os países, o presidente afirmou que, para qualquer conflito, a melhor alternativa é “sentar na mesa de negociações e negociar”. Ele ressaltou, contudo, que “a única coisa que não está em negociação é a soberania nacional”, referindo-se ao Judiciário brasileiro.

“O comportamento dele [Trump] é muito ruim para a democracia. O presidente Trump tem negado tudo aquilo que é habitualmente conhecido de respeito às instituições democráticas do mundo. Ele tem tido um comportamento muito ruim e tem apoiado pessoas antidemocráticas no mundo inteiro”, disse Lula. “Americanos pagarão por erros que Trump está cometendo na relação com o Brasil”, acrescentou.

Tarifaço

A taxa de 50% sobre os produtos brasileiros anunciada pelos Estados Unidos entrou em vigor no dia 6 de agosto. Em carta enviada à Brasília, o presidente Donald Trump disse que a decisão buscava “corrigir as graves injustiças do sistema” comercial atual. Ele também associou a medida ao que considera perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ataques à liberdade de expressão.

Trump classificou como “vergonha internacional” o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, chamando o processo de “caça às bruxas que deve acabar imediatamente”. Além disso, criticou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo ele, emitiram “centenas de ordens de censura secretas e ilegais” contra plataformas norte-americanas.

Em resposta, Lula afirmou que “é falsa a informação sobre o alegado déficit norte-americano”. Reforçou, ainda, que o “Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. Agora, o governo estuda uma possível retaliação com base na Lei da Reciprocidade Econômica.

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Ao todo, a taxação de Trump afeta 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado norte-americano, o que representa 4% das exportações brasileiras. Para auxiliar os exportadores, o governo federal anunciou um plano de contingência destinada ao setor. Entre as medidas está uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para atender produtores afetados. O país também busca por novos parceiros comerciais, visando diversificar o mercado.

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