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Polícia

Ruy Ferraz Fontes: suspeito de envolvimento na morte de ex-delegado é detido em SP

Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária de dois homens por suposta participação na emboscada ocorrida na Praia Grande

Imagem da noticia Ruy Ferraz Fontes: suspeito de envolvimento na morte de ex-delegado é detido em SP
Suspeito detido foi levado para o Palácio da Polícia, no centro de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (17) | SBT
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Um suspeito de envolvimento na execução de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, em Praia Grande, litoral sul paulista, foi detido no início da manhã desta quarta-feira (17). O homem foi levado por policiais para a sede do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), no centro histórico de São Paulo, onde será ouvido pelas autoridades. Ele não teve a identidade divulgada.

+ Ruy Ferraz Fontes: o que se sabe sobre a execução do ex-delegado que prendeu Marcola

Suspeito foi levado para o Palácio da Polícia, no centro de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (17) | SBT
Suspeito foi levado para o Palácio da Polícia, no centro de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (17) | SBT

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), a polícia cumpriu oito mandados de busca e apreensão na capital paulista e na Região Metropolitana. A mãe de um dos suspeitos identificados prestou depoimento.

"As forças de segurança seguem mobilizadas para identificar e prender todos os envolvidos no crime. A polícia cumpriu oito mandados de busca e apreensão em endereços da capital e Grande SP. Dois envolvidos já foram identificados, e a mãe de um deles prestou depoimento. Detalhes sobre as ações policiais serão preservados para não comprometer as investigações", disse a pasta em nota.

A Justiça de São Paulo havia decretado a prisão temporária de dois suspeitos de participação no assassinato. A dupla foi identificada na tarde de terça-feira (16), após a perícia colher impressões digitais em um dos veículos usados no crime.

Em entrevista para jornalistas, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, informou que um dos criminosos possui passagens pela polícia desde a adolescência, envolvendo tráfico de drogas e roubo.

"Estamos trabalhando com os principais departamentos da Polícia Civil e apoio da Polícia Militar. Após exames periciais em um dos veículos usados pelos suspeitos e no local do crime, dois envolvidos foram identificados. Seguimos com todas as polícias empenhadas nesse caso, para que os culpados sejam punidos. Não vamos descansar enquanto esse crime não for elucidado", disse Derrite.

Assassinato em avenida

O ataque ocorreu no início da noite de segunda-feira (15), na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, em Praia Grande (SP). Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, foi alvo de uma emboscada quando saia da Prefeitura da cidade, onde atuava como secretário de Administração desde 2023.

Os criminosos ficaram de tocaia por cerca de 15 minutos e dispararam em direção ao veículo do ex-delegado logo após ele deixar o Paço Municipal. Fontes tentou fugir pelas ruas paralelas, mas assim que chegou na avenida, colidiu contra dois ônibus e o carro capotou.

Na sequência, três criminosos desceram encapuzados, com coletes à prova de balas e armados com fuzis. Dois deles se aproximaram do carro do ex-delegado e dispararam, enquanto o outro ficou na "cobertura" para impedir a aproximação de testemunhas.

Execução foi registrada por câmeras de segurança | Reprodução
Execução foi registrada por câmeras de segurança | Reprodução

Após os disparos, o motorista do carro usado na emboscada fez o retorno, com as portas do automóvel abertas, e logo depois o trio entrou no veículo e fugiu.

De acordo com o atual delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, mais de 20 tiros de fuzil foram disparados contra o veículo. A maioria dos disparos foi concentrada nos membros e no abdômen de Fontes, que morreu na hora.

Fontes andava armado, mas provavelmente não reagiu ao ataque, já que a pistola 9 mm que ele carregava estava dentro da bolsa e com o cartucho íntegro.

Equipes da Guarda Civil Municipal (GCM) encontraram vestígios de disparo de arma de fogo em todo o trajeto dos carros, incluindo nas proximidades da Secretaria Municipal de Educação de Praia Grande, segundo o boletim de ocorrência.

+ Exclusivo: imagens mostram perícia que resultou na identificação de suspeitos pela execução de Ruy Ferraz Fontes

O que motivou o crime

Reconhecido por ser a primeira autoridade a combater a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e por prender Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe máximo do grupo, Ruy Ferraz Fontes era constantemente citado como inimigo pela liderança do PCC, o que reforça a suspeita de que o atentado tenha sido uma retaliação planejada.

Além da possibilidade de vingança, as autoridades também trabalham com a hipótese de que a atuação dele à frente da Secretaria de Administração da Prefeitura da Praia Grande tenha contrariado criminosos.

Nas últimas semanas, ele chegou a demonstrar incômodo pela falta de proteção, dizendo que estava investigando um possível esquema de fraude em licitações na Baixada Santista.

Quem foi Ruy Ferraz Fontes

Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de SP | SBT
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de SP | SBT

Delegado de carreira da Polícia Civil por mais de 40 anos, Ruy Ferraz Fontes foi o primeiro a enfrentar diretamente o Primeiro Comando da Capital (PCC). No início dos anos 2000, quando era titular da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos do Deic, atuou contra os crimes que sustentavam financeiramente a facção, estabeleceu a estrutura de poder do PCC e prendeu suas principais lideranças por formação de quadrilha.

Foi Fontes que apontou Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, como chefe máximo do grupo. Ele indiciou e prendeu ainda esposas de líderes do PCC.

Em 2006, foi responsável por conduzir investigações sobre os ataques da facção que aterrorizaram o estado. No mesmo ano, indiciou toda a cúpula do PCC, incluindo Marcola, pelos crimes e foi um dos responsáveis pela ideia de transferir todas as lideranças da organização para um único presídio, a Penitenciária II de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.

Posteriormente, comandou o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes) e, entre 2019 e 2022, foi delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo. No período como chefe da polícia no estado, liderou a transferência de chefes da facção para presídios federais, visando reduzir o poder da facção dentro das prisões.

Desde 2023, atuava como secretário de Administração da Prefeitura da Praia Grande, no litoral sul de São Paulo.

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