Polícia faz operação contra narcomilicianos que exploram serviços ilegais no Rio
Ação tem como objetivo cumprir mandados de busca e apreensão em municípios na Região Metropolitana e na Região dos Lagos

Raíza Chaves
A Polícia Civil realiza a "Operação Quartzo", nesta quarta-feira (13/03), contra narcomilicianos do Comando Vermelho (CV) que exploram serviços ilegais de internet, sinais de TV, distribuição de água e gás de cozinha em diversos bairros de Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro.
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A ação tem como objetivo cumprir 72 mandados de busca e apreensão nos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Maricá, Cabo Frio, Arraial do Cabo e, principalmente, em Itaboraía, regiões metropolitana e dos lagos.
Além disso, visa também arrecadar armas de fogo, munições, telefones, computadores, dispositivos eletrônicos, cabeamentos e demais materiais relacionados às empresas prestadoras de serviço, além de anotações, depósitos bancários, contratos e documentos relacionados à atividade criminosa.
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As investigações duraram 11 meses e foram conduzidas pela Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD). Além de sedes de empresas associadas aos narcomilicianos e seus sócios, as equipes vão cumprir mandados em presídios, de onde lideranças desses grupos passam ordens e fecham “acertos”, principalmente, com empresas de provedores de internet ilegais.
Elas apontaram que, após um acerto com os narcomilicianos, as empresas associadas a eles passam a atuar com exclusividade nas comunidades, mediante o pagamento de 50% do valor arrecadado com a prestação dos serviços de baixa qualidade para os clientes. Desta forma, a população fica sem a opção de contratar serviços de qualidade superior de outras empresas, especialmente as concessionárias mais conhecidas no mercado, já que as mesmas acabam sendo impedidas de acessarem os locais.
Na ação, a organização criminosa se apropria de equipamentos e materiais utilizados nas redes de dados instalados nas comunidades e de moradores e repassa às empresas associadas aos narcomilicianos, que se comprometem a fazer pagamentos mensais aos criminosos. A estimativa é de que a facção lucre cerca de R$15 milhões por mês. O dinheiro é revertido para comprar armamento e na lavagem de dinheiro na aquisição de estabelecimentos comerciais, investindo em empresas e serviços que tenham aparência de legalidade.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) auxilia na ação, visando cumprimento das ordens judiciais no sistema prisional. Os suspeitos vão responder pelos crimes de interrupção de serviço essencial, receptação qualificada, associação criminosa. Os agentes também apuram o envolvimento da facção nos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.