Teoria russa ligando Ucrânia a atentado terrorista é propaganda do Kremlin, dizem EUA
Governo russo continua alegando participação de Kiev no ataque em Moscou; autoria do crime foi assumida pelo Estado Islâmico
Camila Stucaluc
A Casa Branca voltou a rejeitar as alegações russas de que o atentado à casa de shows Crocus City, em Moscou, está ligado à Ucrânia. Segundo o porta-voz John Kirby, essa é "mais uma propagando do Kremlin" contra Kiev, uma vez que o grupo terrorista Estado Islâmico-K – ativo no Afeganistão e Paquistão – já assumiu a autoria do ataque.
"Não havia ligação com a Ucrânia. Isso é apenas mais propaganda do Kremlin", disse Kirby, salientando que a inteligência norte-americana forneceu, no início de março, um aviso generalizado de que poderia haver um ataque terrorista em Moscou.
O ataque ocorreu na noite da última sexta-feira (22). Na hora, ao menos cinco homens armados com fuzis invadiram o Crocus City enquanto a banda Picnic se preparava para se apresentar e começaram a atirar. Ao todo, o Comitê de Investigação Nacional calcula 139 mortos, além de mais de 100 feridos – a maioria internada em estado grave.
Até o momento, as autoridades russas prenderam 11 pessoas suspeitas de participar do crime. Dos detidos, quatro foram identificados como atiradores e foram acusados pelo ataque. Eles permanecerão sob custódia por dois meses até o julgamento. De acordo com a mídia russa, a expectativa é que todos sejam condenados à prisão perpétua.
As autoridades suspeitam que o ataque tenha sido executado com participação da Ucrânia, uma vez que os 11 suspeitos foram presos, incluindo os quatro atiradores, enquanto tentavam atravessar a fronteira. Kiev negou qualquer envolvimento no atentado, o que foi confirmado depois que o Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado.
+ França eleva alerta de terrorismo ao nível máximo após ataque em Moscou
A informação foi confirmada pela inteligência norte-americana, que compartilhou os relatórios com Moscou. No domingo, no entanto, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, rejeitou as conclusões de Washington, dizendo que, até que a investigação seja concluída, o envolvimento da Ucrânia não será descartado.