Economia

13º salário: guardar dinheiro ou amortizar o financiamento imobiliário? Saiba o que vale mais a pena

Com a Selic alta e milhões de brasileiros recebendo o 13º, decidir entre investir, guardar ou amortizar o financiamento exige estratégia

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Financiamento imobiliário X 13º salário | Reprodução/SBT Brasil
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O pagamento do 13º salário deve injetar até R$ 369,4 bilhões na economia brasileira, segundo o Dieese, beneficiando mais de 95 milhões de pessoas. Com esse reforço no orçamento, uma dúvida volta ao centro das finanças das famílias: usar o dinheiro para guardar ou amortizar o financiamento imobiliário?

Ao SBT News, Alex Terek, empresário e especialista em educação financeira pontua que a resposta é menos universal do que parece: “Tudo vai depender do cenário de como está a situação atual da pessoa”, afirma.

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Reserva de emergência vem antes de qualquer amortização

Segundo Terek, o primeiro ponto é simples: quem não tem reserva de emergência não deve amortizar. Ele explica: “Se a pessoa não tem reserva de emergência, é melhor a pessoa fazer reserva financeira.” Só depois de garantir essa proteção é que amortizar o financiamento pode se tornar uma opção inteligente.

Além disso, os juros do contrato importam, especialmente se são pré ou pós-fixados e se a Selic está em alta ou baixa. São esses fatores que determinam se o dinheiro rende mais investido ou reduzindo a dívida.

Para saber se vale amortizar ou não, você deve se fazer as seguintes perguntas: "Você tem reserva de emergência? Seus juros são mais altos do que seu dinheiro rende? A amortização vai abater o saldo devedor? Sua necessidade hoje é fôlego financeiro ou pagar menos juros?"

Como simular sozinho se a amortização com o 13º vale a pena?

O especialista diz que bancos como Caixa e Bradesco oferecem simuladores de amortização que mostram se vale reduzir prazo ou parcela. Além disso, existem calculadores on-line para isso. Mas também dá uma fórmula simples.

Passo a passo:

  • Veja o Custo Efetivo Total (CET) no contrato do seu financiamento, é a taxa real que você paga;
  • Compare com a Selic atual. Basta pesquisar na internet (hoje, por exemplo, está em 15%);
  • Faça a conta: Selic – CET; Se der um resultado positivo ➔ melhor investir o dinheiro do que amortizar, pois seu dinheiro rende mais do que os juros que você paga.; Se der um resultado negativo ➔ vale amortizar, pois você paga mais juros do que o que renderia investindo.
Exemplo: seu financiamento cobra 12% ao ano (CET = 12%). A Selic está em 15% ao ano. Agora faça a conta: 15 – 12 = +3. "Saldo é positivo. Nesse caso não vale a pena amortizar", afirma o especialista.

Mas se a Selic cai e você paga mais juros no financiamento do que o dinheiro renderia investido, a balança muda: vale amortizar o saldo devedor. Se a amortização for vantajosa, surge outra escolha: baixar a parcela ou encurtar o prazo.

Terek explica que faz sentido diminuir a parcela quando a pessoa precisa de "fôlego financeiro”. A dica é garantir que a amortização abata o saldo devedor e não apenas as últimas parcelas, que normalmente têm juros muito baixos.

quem tem controle financeiro e busca pagar menos juros pode reduzir o prazo, desde que a amortização abata o saldo devedor, não as parcelas finais. Com o 13º entrando nas contas até 20 de dezembro, vale dedicar alguns minutos a essas simulações antes de tomar uma decisão.

Outra ressalva é que, se você optar por investir ao invés de amortizar, precisa pensar onde vai investir (tesouro, CDB, entre outros) e se esses investimentos têm liquidez (ou seja, se você consegue resgatar fácil se precisar usar o dinheiro).

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A pegadinha das parcelas finais: por que amortizar nem sempre vale a pena?

Terek alerta para um erro comum: usar o 13º para “quitar muitas parcelas” no fim do contrato. “Tem uma pegadinha que infelizmente muitas pessoas caem”, diz.

O especialista explica que, em sistemas como o Sistema de Amortização Constante (SAC), as últimas parcelas têm juros muito baixos, às vezes de R$ 1 ou R$ 5. Quitar essas parcelas dá a sensação de avanço, mas, na prática, significa pagar juros futuros baratíssimos com dinheiro de hoje, que vale muito mais.

Ele resume: se a amortização não abate o saldo devedor, mas apenas quita parcelas futuras, pode ser um mau negócio.

Há pessoas para quem amortizar é um risco

Nem todo mundo se beneficia desse movimento. Para Terek, quem tem dívidas mais caras, como empréstimo pessoal de 30% ao ano, deve priorizar esses débitos.

E existe ainda um perfil emocionalmente vulnerável: “A pessoa acaba sendo muito gastona… se amortizar e reduzir as parcelas, ela vai ter muito mais grana para gastar.” Nesses casos, amortizar para reduzir o prazo, e não a parcela, evita que o dinheiro “sobrando” vire consumo impulsivo.

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