Receita e PF fazem operação para rastrear origem do metanol encontrado em bebidas adulteradas
Força-tarefa faz coleta de amostras em 24 empresas de diversos setores; objetivo é compará-las com as obtidas em bebidas falsificadas apreendidas

SBT News
A Receita Federal e a Polícia Federal (PF) deflagraram nesta quinta-feira (16) a operação Alquimia, para rastrear origem do metanol encontrado em bebidas adulteradas. Segundo o órgão, "ação foi motivada pelo crescimento de ocorrências de intoxicação" pela substância.
A força-tarefa envolveu Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e coletou elementos e amostras em 24 empresas, "incluindo atuantes do setor sucroalcooleiro, importadores e distribuidores de metanol", de acordo com a Receita.
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"O objetivo é coletar amostras para análises químicas que possibilitem rastrear a procedência do metanol e compará-las com as obtidas em bebidas falsificadas apreendidas", explicou o órgão.

A operação Alquimia fez coleta de amostras em 21 cidades nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Veja lista de municípios divulgada pela Receita:
- Mato Grosso: Várzea Grande;
- Mato Grosso do Sul: Caarapó, Campo Grande e Dourados;
- Paraná: Araucária, Colombo e Paranaguá;
- Santa Catarina: Cocal do Sul;
- São Paulo: Araçariguama, Arujá, Avaré, Cerqueira César, Cotia, Guarulhos, Jandira, Laranjal Paulista, Limeira, Morro Agudo, Palmital, Sumaré e Suzano.
Alvos da operação Alquimia
As 24 empresas escolhidas para coleta de elementos e amostras foram escolhidas, segundo a Receita, "com base no potencial de envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação da substância até sua possível destinação irregular".

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Alvos incluem destilarias, empresas químicas, importadores, terminais marítimos e usinas. Cada setor funciona de forma distinta, conforme detalhou o órgão:
- "Os importadores são responsáveis pela entrada do metanol no país, utilizando-o em seus processos produtivos e revendendo o produto para empresas químicas";
- "Nos terminais marítimos, empresas movimentam volumes expressivos de metanol, que permanecem nesses locais até serem encaminhados às unidades fabris ou aos clientes finais. Quando há vendas a terceiros, os produtos são despachados diretamente dos terminais ao destino";
- "As empresas químicas adquirem o metanol de importadores para uso industrial ou para revenda a outras indústrias químicas. Indícios consistentes apontam que algumas delas desviaram parte do produto, retirando-o indevidamente da sua cadeia regular de produção, conforme o comportamento comercial observado";
- "Já as destilarias investigadas teriam adquirido metanol por meio de empresas conhecidas como 'noteiras'. As notas fiscais indicavam caminhões e motoristas que, contudo, nunca chegaram aos destinos informados, sugerindo possível fraude documental."
A Receita informou que usinas, produtoras e distribuidoras de etanol anidro e hidratado, "também estão sendo verificadas por atuarem em pontos estratégicos da cadeia, fundamentais para rastrear eventuais lotes adulterados ou irregularidades na destinação do produto".
"Cadeia de irregularidades", diz Receita
A Receita Federal explicou em comunicado que a força-tarefa Alquimia é desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, "que revelaram um esquema de adulteração de combustíveis com metanol".
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"Há fortes indícios de que esse combustível adulterado esteja sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, configurando uma cadeia de irregularidades com alto potencial de risco à saúde pública", detalhou o órgão.
A Boyle apurou suspeita de adulteração de combustíveis por meio do uso de metanol. A partir de análise do material apreendido, autoridades deflagraram a Carbono Oculto. Essa segunda operação investigou esquema de compra da substância por empresas químicas regulares que a repassavam a companhias de fachada.
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"Essas, por sua vez, desviavam o produto para postos de combustíveis, onde o metanol era adicionado de forma ilícita à gasolina comercializada ao consumidor final", completou a Receita.