Fiação aérea polui paisagem e está exposta a riscos, mas enterrar fios ainda é desafio
Redes subterrâneas reduzem acidentes e interrupções, mas custo elevado e crescimento desordenado da cidade dificultam a ampliação do modelo


Flavia Travassos
A fiação aérea, comum nas grandes cidades, parecem se multiplicar e cortam a paisagem da maior cidade do país. Em São Paulo, esse emaranhado de fios chama atenção e incomoda moradores.
O problema é que toda essa fiação não causa apenas poluição visual. As redes elétricas e de telecomunicação estão sujeitas ao vento, à chuva e até a acidentes.
“A rede aérea nos postes está sujeita às intempéries e isso tudo afeta a fiação e mesmo a vida na cidade. Colisões em postes, caminhão que arranca os fios. Então, a fiação subterrânea torna a rede mais robusta e menos sujeita a acidentes que podem causar interrupção do serviço”, explica o especialista Luiz Henrique Barbosa, presidente -executivo da TelCom.
Na última semana, São Paulo sofreu os impactos provocados pela chuva e por ventanias que chegaram a quase cem quilômetros por hora. Árvores foram arrancadas do chão e levaram, com elas, parte da fiação elétrica.
O cenário ideal seria ter toda a fiação debaixo da terra. O entrave é o custo. Construir redes subterrâneas custa oito vezes mais caro.
Para enterrar um quilômetro de fios, é necessário um investimento de 4 milhões de reais. São Paulo tem 22 mil quilômetros de ruas e avenidas, o que significa que seriam necessários 88 bilhões de reais para construir a rede subterrânea em toda a cidade. Hoje, apenas 47 quilômetros de ruas da capital paulista não têm cabos expostos.
“Implica em escavar, criar rede de dutos, construir galerias. É uma estrutura civil muito mais cara. O drama que é preciso deixar claro é que, infelizmente, no caso brasileiro, as cidades cresceram de forma desordenada, não planejaram as redes subterrâneas. Construir o subterrâneo em cima de uma ocupação adensada é muito mais caro”, destaca o especialista.
Em uma rua de comércio sofisticado em São Paulo, os fios foram enterrados há quase 20 anos e os comerciantes não sofreram com queda de energia.
“Se tivesse acabado a luz, seria o desespero dos lojistas, porque esperam essa época do ano para vender um pouco mais. E não ter faltado luz no local foi uma bênção”, diz o comerciante e empresário Camilo Sabbag.
Não há previsão de quando toda essa fiação será enterrada. Por enquanto, a vantagem é só para ele: o passarinho pousado tranquilamente sobre o fio.









