OpenAI avalia uso de nudez em vídeos gerados pelo Sora
CTO da empresa alega que criativos poderão usar o recurso e que esse tipo de imagem não será restrito na IA de vídeo
Cido Coelho
Em entrevista ao jornal de economia Wall Street Journal, a CTO da OpenAI, Mira Murati analisou que não tem certeza sobre o uso de nudez no material de vídeo que é produzido pela IA generativa de vídeo Sora.
Para Murati, a nudez é útil para criação porque "há ambientes criativos em que os artistas podem querer ter mais controle sobre isso".
“Atualmente, estamos trabalhando com artistas e criadores de diferentes campos, para entender o que é útil e qual nível de flexibilidade a ferramenta deve fornecer”, explica a executiva.
Polêmica com Taylor Swift
No começo do ano, o X (antigo Twitter) teve que correr para cortar a circulação de deepfakes com imagens da cantora Taylor Swift em situações e cenas pornográficas.
+ Taylor Swift é vítima de falsos nudes criados por Inteligência Artificial (IA); entenda
Após essa situação, a nudez na inteligência artificial tornou-se alvo de críticas, pois, qualquer criador mal-intencionado pode usar a imagem de qualquer pessoa e coloca-la em situações no qual a cantora também foi exposta.
O AI Policy Institute (AIPI) fez um levantamento nos Estados Unidos e mostrou que 77% dos entrevistados consideram que devem existir regras e restrições ao uso de ferramentas de IA como a Sora antes da liberação ao público.
E, 84% apoiam a aplicação de leis duras para criminalizar a criação de deepfakes pornográficos sem autorização.
Brasil tem projeto de lei contra isso
Na Câmara dos Deputados tramita o Projeto de Lei 370/24, de autoria da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ) em que a pena seja aumentada em caso de uso de inteligência artificial para alterar o modificar imagem e som de vítima, sendo considerado agravante no crime de violência psicológica contra mulher.
O crime de violência psicológica contra a mulher é tipificado atualmente no Código Penal como causar dano emocional que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões.
Para ser enquadrado nesse crime, o infrator pode usar de ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação da mulher.
Se aprovado, pena vai de 6 meses a 2 anos de reclusão e multa, com aumento de 50% na dosemetria da pena nestes casos de abuso.
Sora está em testes
Ainda na entrevista de Murati ao WSJ, é explicado que o Sora será lançado para o público ainda neste ano.
A ferramenta está em teste e é avaliada por especialistas em desinformação, discurso de ódio e preconceito.
Ainda não há uma data para a liberação da ferramenta.