Japão vai lançar o primeiro satélite de madeira do mundo
Equipamento sustentável está pronto para o seu lançamento e um foguete da SpaceX será usado para a decolagem
Cido Coelho
Após muitos anos de planejamento e investigação, pesquisadores e engenheiros da Universidade de Kyoto, no Japão, anunciaram a conclusão do desenvolvimento de um satélite construído em madeira.
Em anúncio à imprensa, os engenheiros disseram que o satélite experimental foi batizado de LignoSat -- ligno, significa relacionado à madeira --, tem um formato de cubo com 10 centímetros de cada lado, visando a diminuir o impacto ambiental no espaço.
Um protótipo já tinha sido desenvolvido em 2020, a partir do projeto LignoStella Space Wood, em parceria com a madeireira Sumitomo Forestry, onde o satélite Wisa Woodsat foi apresentado para mostrar o conceito do dispositivo espacial.
Ele seria lançado em 2021, mas o projeto foi adiado e não decolou. No entanto, o material proposto para o uso no dispositivo passou por 240 dias de testes de exposição espacial em 2022.
Agora, o novo satélite de madeira será transferido para a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão, a Jaxa, e depois será enviado aos Estados Unidos, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Ele será lançado em setembro a bordo do foguete SpaceX, empresa aeroespacial de Elon Musk.
O pequeno dispositivo seguirá sua jornada para a Estação Espacial Internacional (ISS) e, de lá, os astronautas vão colocar o satélite em órbita.
Depois, o equipamento será monitorado nos próximos meses para entender o seu desempenho e resistência no espaço.
Como assim satélite de madeira?
Após observar várias amostras, os engenheiros da Universidade de Kyoto escolheram a madeira de magnólia para compor a estrutura do satélite, que vai enfrentar seu grande teste de durabilidade e resistência.
A magnólia ou hoonoki, em japonês, foi escolhida devido às suas propriedades ideais em relação à sua estabilidade dimensional, facilidade de uso para o trabalho e resistência geral da madeira.
O LignoSat vai encarar temperaturas extremas e intensa radiação solar, ficando em operação entre 5 a 6 meses.
Se o satélite se manter em boas condições, os técnicos avaliarão o uso da madeira na construção dos próximos dispositivos espaciais.
Benefícios do satélite de madeira
Além de reduzir o impacto ambiental, uma das ambições do projeto é usar um material que seja mais amigável à atmosfera terrestre.
Pois um satélite tradicional é construído de metal e tem uma vida útil limitada e não permanece no espaço por muito tempo.
Quando a vida útil do equipamento acaba, ele volta à atmosfera e deixa pequenas partículas metálicas que podem se acumular na alta atmosfera terrestre.
Assim, prejudicando assim a camada de ozônio, que protege a Terra contra a radiação UV do Sol, afetando o meio ambiente, interferindo na quantidade de luz solar, na natureza do planeta e nas telecomunicações.
E essa situação veio ao encontro da proposta de inserir no espaço os satélites de madeira, que no final da sua vida útil queimará totalmente ao reentrar na atmosfera do planeta sem deixar rastros.
Pois o dispositivo de madeira vai produzir apenas cinzas finas e biodegradáveis em atrito com a atmosfera, reduzindo de forma importante os detritos espaciais.