IA generativa chega aos aparelhos celulares: O que isso significa?
Samsung irá lançar ainda este mês a primeira linha de aparelhos móveis com IA embarcada e promete uma experiência "revolucionária"
A Samsung anunciou nesta 4ª feira (3.jan) a data de lançamento da série Galaxy S24. As novidades serão apresentadas ao público em 17 de janeiro, durante o Galaxy Unpacked 2024, em San Jose, na Califórnia.
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O lançamento da nova linha poderá ser acompanhado em uma transmissão ao vivo nos canais oficiais da marca a partir das 15h (horário de Brasília) e promete, segundo divulgado pela Samsung, proporcionar "uma experiência móvel totalmente nova impulsionada pela Inteligência Artificial", além de estabelecer "um padrão mais elevado para a experiência móvel mais inteligente até agora".
Para entender o que isso significa, o SBT News conversou com Marcelo Augusto Vieira Graglia, doutor em Tecnologias da Inteligência. Ele explicou que 2024 marca o início da era da Inteligência Artificial embarcada em celulares. Ou seja, daqui para frente, a maioria dos dispositivos móveis lançados terá a tecnologia em seu sistema.
E como isso impacta o usuário?
Na prática, os aparelhos celulares já utilizam Inteligência Artificial. O reconhecimento facial, por exemplo, só é possível devido à IA preditiva. O uso de aplicativos como o Waze também. A tecnologia é utilizada para identificar padrões, antecipando assim comportamentos e prevendo eventos futuros que melhoram a experiência do usuário.
No caso dos novos aparelhos da Samsung, a tecnologia que virá embarcada é a Inteligência Artificial generativa.
O que é Inteligência Artificial generativa?
A IA generativa é uma forma de IA capaz de gerar textos, programas de computador, imagens, músicas, por meio do uso de dados. O exemplo mais conhecido da capacidade da IA generativa é o ChatGPT, um chatbot online que simula linguagem humana para fazer várias tarefas, desde escrever redações até a criação de código de programação.
Quais novas funções podemos esperar de celulares com IA embarcada?
De acordo com o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), podemos esperar uma série de experiências diferentes, como editores de vídeo e foto, tradução simultânea das ligações e navegação inteligente, sem a necessidade de usar aplicativos de terceiros, e muitas vezes pagos.
"A primeira novidade é a possibilidade de usar alguns recursos, de gerar algumas experiências que antes eram impossíveis no celular sem a Inteligência Artificial. A questão do vídeo, por exemplo. Com IA você pode fazer um vídeo e, caso queira, editar ou apagar um objeto da filmagem", afirma Graglia.
O especialista revela ainda que podemos esperar o uso de IA para editar fotos no próprio celular. Por meio da IA, o dispositivo pode pegar uma foto com zoom e ampliar o cenário, construindo e continuando a paisagem em volta por meio da predição, que nada mais é que pegar dados e fazer suposições do que pode acontecer ali na frente.
"Outra possibilidade que é super interessante, super revolucionária, é a conversão de linguagem em tempo real. Isso significa que você pode ligar para alguém que fala outro idioma e a pessoa pode falar na língua nativa, que você recebe o áudio em português", explica o especialista.
Para além da experiência do usuário
Em outubro do ano passado, a fabricante americana de chips Qualcomm revelou que o seu processador Snapdragon 8 Gen 3 estará presente nos principais smartphones Android em 2024. Segundo informações vazadas, o processador em questão integrará todas as versões Ultra do Galaxy S24.
O processador tem uma extensa lista de recursos de IA integrados e promete manter a boa eficiência energética, enquanto melhora o desempenho e performance do smartphone. De acordo com a Qualcomm, o Snapdragon 8 Gen 3 foi projetado para acelerar o processamento de IA no celular.
Pontos de atenção
A Inteligência Artificial generativa chega nos dispositivos móveis pouco mais de um ano desde o lançamento do ChatGPT, pela Open IA. O chatbot popularizou o uso da IA generativa ao utilizar o aprendizado de máquina (machine learning) para gerar respostas em questão de segundos.
Treinado com o uso de 570 GB de textos disponíveis na internet, como notícias, livros, reportagens e fóruns, o chatbot consegue escrever redações do zero e criar código de programação, o que nem sempre significa que as respostas estão certas ou que o conteúdo não viole direitos autorais. E é justamente essa rapidez e a acessibilidade cada vez maior que preocupa, esclarece Graglia.
"Uma das características que define a ação de inovação é exatamente a velocidade. Nunca antes tivemos tecnologias que surgiram e se expandiram tão rapidamente. O ChatGPT, por exemplo, atingiu 100 milhões de usuários em dois meses"
"A velocidade de expansão está muito rápida e isso é muito complicado, porque ainda não existe uma legislação. A regulação da IA não surgiu ainda. No Brasil têm basicamente três projetos de lei que estão sendo discutidos, a Europa acabou de aprovar uma lei de governança de IA. Ou seja, a tecnologia está indo tão rápido que a sociedade não consegue acompanhar", conclui.