Como funcionam as bombas de drenagem usadas em Porto Alegre e Canoas?
Equipamentos ajudam a dar vazão à água das enchentes e alagamentos no Rio Grande do Sul
Cido Coelho
Após as fortes tempestades que afetaram o estado do Rio Grande do Sul, principalmente a área da região metropolitana de Porto Alegre, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) enviou 18 motobombas de sucção para ajudar no escoamento das águas em Canoas e Porto Alegre. Quatro conjuntos já estão em operação, dois em cada cidade gaúcha.
Cada motobomba pesa 10 toneladas e os equipamentos foram transportados por carretas do Exército e aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Devido à situação de urgência na região, um equipamento que geralmente tem um tempo de montagem e instalação de até 8 dias foi montado pelos técnicos da estatal paulista em 24 horas.
Segundo a empresa, 57 profissionais, 21 veículos e outros equipamentos de bombeamento, estações elevatórias e de distribuição de água potável são usados na operação no Rio Grande do Sul.
“[As bombas] estão sendo bem efetivas no trabalho de drenagem das águas que se acumularam por conta dessa chuva intensa. A Sabesp ainda está com 14 equipes de eletromecânica no local ajudando na recomposição das elevatórias de águas pluviais e de esgoto”, afirma Agostinho Geraldes, Superintendente de Manutenção Estratégica da Sabesp.
Estas motobombas, que funcionam com energia elétrica, mecânica ou hidráulica, retiram a água de um lugar para outro, conseguem transferir 2.000 litros de água por segundo, o equivalente a encher uma piscina olímpica em 30 minutos.
Essas bombas de sucção são flutuantes, têm um poderoso motor conectado a pás que movem a água de um lugar alagado a outro local determinado pelos técnicos, por meio de um tubo com vários metros. Elas operaram durante a seca severa no Sistema Cantareira em 2014.
“Elas ficam 24 horas (por dia) operando, o tempo todo aduzindo a vazão da água. Um técnico também acompanha o movimento do fluxo da água, se de repente vir algum material”, explica Geraldes.
No caso da operação realizada em Porto Alegre, a água foi direcionada para o rio Guaíba.
O uso destas bombas da Sabesp, apesar de emergencial, é necessário para compensar as falhas do sistema de proteção e de drenagem na capital gaúcha.
Prefeitura de Porto Alegre foi alertada em 2018 e 2023
A prefeitura foi alertada por técnicos sobre a manutenção do sistema anti-cheia da cidade. Já que os equipamentos fazem parte de um sistema construído na década de 1970, que inclui também diques, um muro e comportas.
Documentos internos da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e do Departamento de Água e Esgotos mostram que, em 2018, engenheiros pediram análise do projeto de duas estações de bombeamento da capital gaúcha para "avaliar a falha na proteção em relação às cheias do rio a níveis superiores à cota de três metros até o nível de seis metros."
Nível do Guaíba deve permanecer em 4 metros
O lago Guaíba registrou na madrugada desta segunda-feira (27) um nível abaixo de 4 metros, registrando 3,99 metros no Cais Mauá, em Porto Alegre, mantendo-se acima do nível de inundação de 3 metros.
Além disso, os especialistas do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH) mostram que, com as chuvas previstas para esta semana, o Guaíba ficará com cheia duradoura nos próximos dias, com redução lenta dos níveis, mantendo-se em 4 metros.
Segundo alerta da Defesa Civil de Porto Alegre, a previsão é de chuva intensa para esta segunda (27) e terça-feira (28) na capital, com acúmulo de água entre 50 e 100 milímetros por dia. Rajadas de vento entre 60 km/h e 100 km/h também são esperadas.
“Considerando a elevada duração prevista e a possibilidade de novas elevações, recomenda-se atenção à possibilidade de retorno das águas em regiões recentemente drenadas; atenção especial à população afetada; e ações imediatas para manutenção das infraestruturas e serviços essenciais como o saneamento básico”, disse o IPH.