China reage aos EUA e investe R$ 245 bilhões na fabricação de chips
Investimento é reação ao bloqueio promovido pelo governo norte-americano aos avanços da tecnologia chinesa
O governo da China estabeleceu o terceiro Fundo Nacional de Investimento da Indústria de Circuitos Integrados, que destinará 344 bilhões de yuans ou R$ 245 bilhões, para apoiar a indústria local de chips e semicondutores. A ação foi uma resposta aos sucessivos bloqueios comerciais impostos pelos Estados Unidos, impedindo os chineses de ter acesso aos chips, bem como os equipamentos que envolvem a cadeia de produção da tecnologia desenvolvida por lá.
As duas versões anteriores do fundo já tinham angariado 200 bilhões de yuans em 2019 e 138,7 bilhões de yuans em 2014.
Segundo o comunicado do governo, a nova fase é apoiada pelo Ministério das Finanças e mais 26 empresas estatais e privadas da China que fazem esse grande aporte.
O alargamento das restrições ao acesso da China aos chips avançados e aos equipamentos de fabricação levou os chineses a expandir sua capacidade interna para buscar a autossuficiência.
Mesmo com as restrições impostas, as fabricantes das máquinas avançadas de fabricação de chips como a ASML e LAM Research relataram um aumento nas vendas dos equipamentos para os chineses no primeiro trimestre do ano.
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A empresa estatal chinesa Semiconductor Manufacturing International Corp. subiu para a terceira posição no mercado global de fundição no primeiro trimestre de 2024, se destacando no setor, segundo a Counterpoint Research.
Em março, a fabricante de chips de processadores Intel anunciou que receberia US$ 8,5 bilhões em doações e mais US$ 11 bilhões em empréstimos vindos de programas de incentivos do governo dos Estados Unidos para produzir chips. A empresa planeja investir US$ 100 bilhões nos próximos 5 anos.
Guerra comercial e tecnológica entre EUA e China
Medida adotada pelos Estados Unidos foi uma ação para conter o rápido avanço tecnológico da China. Em meados de maio, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o aumento das tarifas sobre US$ 18 bilhões de produtos chineses. A revisão, segundo a administração democrata, é uma "resposta às práticas comerciais injustas da China e para proteger os trabalhadores e empresas americanas".
Em 2022, o Departamento de Comércio já havia anunciado publicar regulamentos com base nas restrições comunicadas neste ano a três empresas norte-americanas que produzem a tecnologia: KLA Corp., Lam Research Corp. e Applied Materials Inc.
Elas seriam proibidas de exportar equipamentos de fabricação de chips para fábricas chinesas que produzem semicondutores avançados com processos abaixo de 14 nanômetros. Os envios só seriam autorizados com licenças concedidas pelo Departamento de Comércio dos EUA.
A decisão é mais um capítulo na guerra comercial entre os dois países, além de uma estratégia eleitoral de Biden que deve arrecadar votos em estados decisivos como Pensilvânia e Michigan em ano de eleição presidencial.
Segundo a administração, foi ordenado o aumento de tarifas em setores estratégicos como aço e alumínio, semicondutores, veículos elétricos, baterias, minerais críticos, células solares, guindastes de transporte marítimo e produtos médicos.
As tarifas anunciadas deverão ser implementadas gradualmente até 2026. Veículos elétricos e semicondutores, considerados estratégicos para os EUA, terão um aumento na tarifa de 25% para 100% e 50%, respectivamente.
No mesmo mês, a China decidiu banir os processadores da Intel e AMD dos computadores do governo, além de impedir o uso do sistema operacional Windows, da Microsoft, sob alegação de uso de soluções “seguras e confiáveis”.
Justificativa foi semelhante à aplicada pelos Estados Unidos, que decidiu banir a rede social e dificultar a vida das empresas de tecnologia como Huawei e ZTE sob alegação de “ameaça de segurança nacional”.