Com a saída da startup Hand Talk, Bossanova celebra 100 exits
Maior gestora de venture capital começa a focar em novos investimentos. Entenda como acontece
Após montar uma carteira de mais de 1,5 mil startups nos últimos anos, a Bossanova Investimentos começou a fazer o movimento de saída de investimentos, conhecidos por 'exits' ou 'early exits'. Na 2ª feira (05.jun), a gestora de venture capital mais ativa da América Latina celebrou o centésimo exit, com a saída da startup alagoana Hand Talk.
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A estratégia de saída antecipada (early exit) ou "ponto de saída" significa quando ela é vendida, e permite aumentar ao máximo o retorno financeiro dos investidores, para focar os recursos em novos empreendimentos, ampliando o ecossistema empreendedor no país. Muitas startups podem recorrer a fusões, venda estratégicas e até mesmo aos IPOs na bolsa de valores.
"Esse centésimo exit é mais do que um marco para a Bossanova. Ele simboliza o acerto de nossa estratégia de investimento e nosso compromisso em identificar e apoiar startups promissoras desde o estágio inicial", avalia João Kepler.
Ou seja, o exit acontece quando as startups têm um negócio maduro nas mãos, mesmo que ainda não faça lucro, mas precisam de grande volume de capital, para ampliar a operação da empresa. Além de ganhar tração e escala, para alcançar novos mercados e gerar mais negócios.
A Hand Talk, que passa pelo processo de exit bem-sucedido na Bossanova, desenvolveu um aplicativo que ajuda na tradução instantânea de textos e áudios para a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Em 2013, em Abu Dhabi, a startup ganhou o prêmio de melhor aplicativo social do mundo e hoje é considerada a maior plataforma de tradução para línguas de sinais do mundo. O CEO e cofundador da startup faz um balanço positivo sobre o impulso que o aplicativo ganhou com o aporte da gestora de venture capital.
"O Kepler [João, da Bossanova] descobriu a Hand Talk lá em 2012, e nos ajudou demais em nossos primeiros passos, abrindo portas e criando conexões. Anos depois ele fundou a Bossanova e trouxe uma rede grande de outros empreendedores investidos, para que a gente pudesse trocar experiências constantemente, o que foi um grande legado que ganhamos durante esses últimos anos", explica Tenório.
O aplicativo já traduziu mais de um bilhão de palavras em linguagem de sinais. Em 2021, a startup criou também uma tecnologia de reconhecimento de movimentos em línguas de sinais e agora aposta também em inteligência artificial.
Mais um legado para o mundo!!! Hand Talk Motion: Tecnologia de Inteligência Artificial para reconhecimento de movimentos em Línguas de Sinais.
? Ronaldo Tenório (@ronaldotenorio) August 12, 2021
Veja mais em: https://t.co/sMrsMbzsR4 pic.twitter.com/4M7815zvcn
O exit pode acontecer quando os investidores iniciais, como fundos de venture capital, investidores-anjo querem realizar lucros de uma vez, transferindo o negócio para outros agentes que topam o risco de assumir a startup, como acontece normalmente em fundos que gerenciam fortunas e investem diretamente nas empresas (private equity). No caso da Hand Talk, que ao invés de ser vendida, a empresa fez a recompra de ações da investidora.
"O exit aconteceu naturalmente por uma tese da Bossa Nova em participar da jogada das startups até atingirem um determinado grau de maturidade. Entendemos que esse ciclo foi atingido com sucesso e os fundadores recompraram as ações da Bossa num múltiplo expressivo para os investidores e justo para os fundadores", avalia o cofundador da Hand Talk.
A Bossanova ainda tem nos planos mais 20 exits que já estão programados, reforçando a estratégia de investimentos no ecossistema de startups no país e na América Latina.
Tesla, Facebook e Buscapé passaram por exits
Os exits são comuns no ecossistema de startups. Em 2009, 91% da empresa brasileira de comparação de preços e ecommerce Buscapé foi vendida para o Grupo Naspers, da África do Sul, por US$ 342 milhões. No entanto, seu fundador, Romero Rodrigues, permaneceu com 9% da empresa.
Nos Estados Unidos, as gigantes Tesla, de Elon Musk, e a rede social Facebook, de Mark Zuckerberg, também passaram pelo mesmo processo e hoje estão entre as empresas de tecnologia mais valiosas do mundo. Ambas empresas realizaram exits vendendo parte das ações para fundos de investimento.
Neste caso, Mark Zuckerberg, do Facebook, ainda detém 60% das ações com direito a voto. Já Elon Musk possui 21% das ações da inovadora empresa de veículos elétricos.