Futuro da Mídia: 5G pode movimentar US$ 800 bi em cinco anos na América Latina
Hermano Pinto, que é diretor-geral da InformaMarketing, aponta novo patamar para o mercado
SBT News
Momento presente e o futuro dos 5G no Brasil é um leque de assuntos e abordagens possíveis tão grandes e por isso, o SBT News entrevista Hermano Pinto, que é diretor-geral da InformaMarketing.
SBT News -- Qual é o momento presente? Qual é o momento futuro? Na nossa conversa anterior aqui, ao início da nossa transmissão, você me dizia que quando a gente pensa em 5G, tem gente que acha que é uma evolução natural do que já estava aí. Não é bem assim?
Hermano Pinto -- Na verdade, o novo sistema de comunicação é que traz além da evolução natural de maior capacidade uma velocidade de transmissão, mas traz também cada vez uma duas características.
Portanto, que a menor latência, ou seja, menor atraso na comunicação e de outro lado, um volume muito maior gigantesco até de processamento de elementos.
"O que permite você não só conectar as pessoas, mas, conectar máquinas, conectar todas as coisas que estão no nosso meio ambiente".
SBT News -- É uma nova realidade.
Hermano Pinto -- Então, é uma nova realidade que permite você desenvolver aplicações diversas, para diversos setores. Não só o para o consumidor diretamente, mas para diversos segmentos da economia. Seja ele na saúde, seja na indústria, no agronegócio ou mesmo para os nossos centros urbanos.
SBT News -- Você quer dar exemplos?
Hermano Pinto -- Sim, por exemplo, vamos pegar o caso no agronegócio? As lavouras, hoje, elas são muito dependentes de informações quanto a qualidade do solo, quanto a quantidade de água e essas informações elas podem ser captadas efetivamente num formato mais amplo.
Com 5G, o que você vai conseguir colocar muito mais elementos de monitoramento nas lavouras, para você coletar mais informações que, em tempo real, -- e aí o grande segredo --, vamos passar informações para as máquinas.
Para o agricultor, para todos os elementos que estão atuando naquele segmento, para melhorar a produtividade daquele solo. Porque, ela terá uma identificação quase imediata de como que o solo está se comportando naquele momento.
SBT News -- Dá para pegar esse exemplo que você menciona e transportá-lo para a vida urbana na cidade?
Hermano Pinto -- Sem dúvida. Tanto que essa área da cidade, que a gente chama de cidades inteligentes e humanas, elas são cada vez mais importantes.
"Porque as cidades elas têm vários elementos que podem ser captados dentro de um sistema geral de gerenciamento, para melhorar o consumo, identificar prováveis acidentes, o consumo de água, o consumo de eletricidade".
Há um exemplo típico que aconteceu aqui em São Paulo foi a queda do viaduto, que ficou todo mundo sabendo quando caiu o viaduto.
Existem elementos hoje que você consegue colocar num viaduto, numa ponte, que medem vibração, medem uma série elementos, que passam informações do estresse que o material tá sofrendo, para você fazer projeção do que pode acontecer.
Com o 5G, você pode fazer isso em tempo real e permite, claro, que seja na área de engenharia da prefeitura ou que a área de emergência civil tome as atitudes de forma muito mais rápida.
SBT News -- Você tá falando e me faz pensar na questão do tempo. Quando você explica que sobretudo a redução da latência, do atraso na informação, praticamente é zerada ou é diminuído ao extremo. E você me diz que existe a possibilidade de instalar esses sensores ou dispositivos que permitam acompanhar o estresse de uma estrutura, como um viaduto está sofrendo, para agir preventivamente... Você me faz pensar que o futuro já chegou, a medida que a tecnologia permite agir antes que, por exemplo, um viaduto caia?
Hermano Pinto -- Exatamente. Tanto que hoje existe uma ação junto à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para desenvolvimento de uma tecnologia de gêmeos digitais, que a gente usa como BIM -- Building Information Model -- que você consegue trazer os projetos de infraestruturas como um viaduto, uma ponte, no sentido de você fazer a tradução disso digitalmente e levar isso para nuvem.
Aí você vê os elementos específicos que estão acontecendo ali dentro, que já a gente chama os elementos, que pode levar uma ruptura, que pode levar uma degradação, para que você possa tomar imediatamente uma ação.
E isso, hoje, a gente está na fase de cadastramento das estruturas para poder ter isso no futuro muito próximo, essa visibilidade muito grande da nossa infraestrutura local.
SBT News -- Quer dizer, é uma gama de atendimentos, de possibilidades que realmente é de encher os olhos e que levam a gente a pensar que é realmente para mudar a vida da sociedade.
Hermano Pinto -- Sem dúvida. Inclusive a gente dentro do [evento] Futurecom. A gente tratou ano passado e, vamos tratar esse ano de novo.
"O gap para cidadania digital, para cada vez mais o cidadão estar incorporado digitalmente à sociedade e ter o serviços tanto de governo, quanto serviços civis que existam à disposição, a um simples clique, vamos chamar assim".
SBT News -- Em poucas palavras, dê para a gente amarração da proposta inicial do início da nossa transmissão. Vamos traduzir, em que momento estamos da implantação ou utilização efetivação do 5G. E, no futuro próximo, ou no recorte de tempo que você decidir, onde estaremos?
Hermano Pinto -- Nós estamos no início, nós começamos a questão em menos de um mês [agosto] a implantar o 5G no Brasil.
Ontem, foram ativadas mais três capitais, dentre elas, Vitória (ES), por exemplo.
Já são 14 [capitais] no momento atual, essa implantação é ela vai levar um certo tempo, tem um cronograma estabelecido junto à Anatel.
O que a gente enxerga já que o serviço às vezes aplicações ao final do ano, já vão estar bem mais ativos.
A disposição, digamos assim, de boa parte da população, que esteja dentro da área de cobertura, que a gente tem que ter, considerado de cobertura.
SBT News -- Inicialmente as capitais...
Hermano Pinto -- Inicialmente as capitais e esse serviço, é claro, que sempre viu isso nas tecnologias anteriores no 2G, no 3G, no 4G, quando você disponibiliza a plataforma, novos empreendedores aparecem com novas aplicações.
Então, uma série de aplicações que hoje a gente vê no mercado fluindo, como por exemplo, iFood, Uber...
Esses serviços surgiram na esteira das plataformas digitais que foram disponibilizadas. Tenho certeza que com a capacidade que o 5G traz de menor latência, essa massividade de elementos conectados e a questão da capacidade, certamente novas aplicações vão aparecer.
Seja numa para telemedicina, seja para parte de conectividade de máquinas e robôs, seja para parte dessa cidadania digital ampliada ou mesmo para uma série de aplicações, como eu disse, para infraestrutura de uma cidade ou da sua própria residência, a sua residência também será amplamente conectada.
SBT News -- Não dá para a gente deixar de lado a ideia de que isso movimenta a economia também. Você mesmo deu exemplos de aplicativos de transporte, de entrega de comida e, como você mesmo sugeriu, é só o começo. Tem muito mais para vir por aí?
Hermano Pinto -- Sem dúvida, nós temos uma unidade no grupo Informa, temos uma área de consultoria chamada "on mídia" e fez um levantamento da indústria brasileira aqui na América Latina que vamos movimentar US$ 800 bilhões em termos de agregação de PIB da América Latina, somente em função do 5G em cinco anos.
----
Você também pode se interessar:
- Saiba como foi o SET Expo, em São Paulo. Leia e assista as entrevistas
- Acesse as entrevistas do Congresso Brasileiro de Radiodifusão - Abert, em Brasília
- Confira a cobertura do Global Media Congress, em Abu Dhabi
-----
Produção e entrevistas por Cido Coelho e Guto Abranches
Edição de imagens: Cézar Camilo
Edição por Cido Coelho