Futuro da Mídia: Aplicações da tecnologia 5G no Brasil
Fernando Gomes, coordenador da Acate, fala sobre os avanço das rede pelo país
SBT News
Falou em tecnologia 5G todo mundo fica ansioso para usar tecnologia da melhor maneira possível. Mas, fique sabendo você que o Brasil, que está implantando a tecnologia agora, já tem o que ensinar em outros centros importantes do mundo. O SBT News entrevistou Fernando Gomes, coordenador do grupo de 5G da Acate e diretor da Future Maker.
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SBT News -- Começamos, se você me permite, explicando que é a Acate?
Fernando Gomes -- A Acate é a Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia, é uma associação que agrega cerca de 1.800 empresas de tecnologia do Estado de Santa Catarina.
SBT News -- A gente tem feito várias entrevistas sobre o 5G e você nos trouxe um ponto que me pareceu bastante diferente. O que a gente tem que os outros países não têm, e o que a gente pode ensinar sobre o próprio 5G, que começa a ser implantado no Brasil?
Fernando Gomes -- Acho que a pergunta é bastante interessante. Vale ressaltar que o processo do 5G aqui no Brasil começou há muito tempo, mas teve efetivamente o leilão do 5G, ocorrido no início de novembro do ano passado. E esse leilão trouxe uma característica, dentre outras, muito interessante.
"O leilão obrigava as empresas vencedoras dos lotes das frequências que usarão 5G a implementarem a última versão disponível do 5G, o release [versão] 16".
Já estamos no [release ou versão] 18, mas começamos com [release ou versão] 16, que efetivamente traz as novas características, as novas funcionalidades que o 5G tanto fala por aí...
São três: principalmente é uma banda larga avançada, esse é um dos pilares; o segundo é uma densidade é a possibilidade de conectar milhões de dispositivos por quilômetro quadrado, ao invés dos milhares que o 4G permite; e um terceiro ponto e, eu diria, um dos mais importantes é a resiliência da rede.
Ou seja, é a capacidade de a rede ter uma latência, um tempo de resposta muito pequeno ao mesmo tempo, de uma alta disponibilidade, é uma rede confiável.
Então o 5G ele é uma grande ruptura em cima daquilo que já existia justamente por essas três características, esses três pilares.
Bom, dito isso, o momento em que o Brasil determinou a adoção do 5G stand alone puro, aqui no Brasil, colocou numa posição de vanguarda em relação a outros países do mundo.
"Apesar de termos começado cerca aí de 2 anos depois de países como Coreia do Sul, China, ou mesmo os Estados Unidos. Esses países, até pela não disponibilidade dessa norma no momento da implementação, não a utilizaram".
O 5G que é utilizado nesses países não tem muitos diferenciais em relação ao 4G, ele não permite a sua aplicação tão ruptiva como '5G puro', como esse que está sendo implementado aqui no Brasil permite.
No momento em que desenvolvermos aplicações voltadas para esse '5G puro', a tecnologia nos coloca nessa posição de pioneirismo e permite, inclusive, desenvolver aplicações que poderão ser exportadas para outros países do mundo.
SBT News -- Você me faz pensar que a gente começou atrasado, mas ganhou tempo logo em seguida. Por força dessas diretrizes e regulamentações de parametrização. Vamos dizer assim, a gente levou sorte também?
Fernando Gomes -- Eu diria que tivermos sim um pouco de sorte, o 'timing'. Vamos dizer, o release das versões dessas novas normas do 5G, porém, não foi só [isso].
Acredito que também houve uma estratégia muito acertada dos órgãos reguladores -- Ministério das Comunicações e Anatel --, ao definir que a implementação do 5G no Brasil obrigatoriamente seria com o '5G puro', com o '5G stand alone'.
SBT News -- Quero saber do calendário para implantação em funcionamento da tecnologia... Será para maior ou mais amplo possível para o leque de usuários? O Brasil consegue manter esse pioneirismo que você fez menção?
Fernando Gomes -- Acredito que sim. O que estamos vendo é que existe um cronograma de implementação, que passa por um cronograma de limpeza da faixa.
O 5G utiliza uma faixa que é muito próximo da frequência utilizada pelas antenas parabólicas da televisão aberta -- que é a TV que é recebida via satélite.
É necessário que ocorra uma limpeza dessa faixa, assim como aconteceu quando do desligamento da TV analógica aqui no Brasil, para evitar que um serviço, o 5G, interfira no outro, a recepção da TV aberta via satélite.
"Esse processo está acontecendo até o final deste ano, todas as capitais, mais o Distrito Federal, terão o 5G implantado".
A entidade Siga Antenado, que foi criada por determinação da Anatel para executar essas ações, tem as obrigações de, por exemplo, até final de janeiro do ano que vem ter este espectro limpo nas cidades com mais de 500 mil habitantes. E até junho, nas cidades acima de 200 mil habitantes.
Até o final de janeiro, além das 27 cidades que serão ativadas neste ano, outras 26 cidades, aquelas com mais de 500 mil habitantes, também terão o espectro limpo.
Isso não significa que o 5G vai ser ativado, porque o cronograma de implantação do 5G é um pouco diferente.
"As operadoras, elas têm até 2025 para ativar o 5G nas cidades acima de 500 mil habitantes. Mas, o que nós estamos vendo é uma corrida das operadoras para o 5G".
Deveremos ter essas cidades de mais de 500 mil habitantes já com o sinal no início do ano que vem.
Essa velocidade deve se manter nas principais cidades brasileiras. E, com isso, o Brasil passa a ser protagonista no uso, na aplicação e na disponibilidade dessas redes.
SBT News -- Quem diria não, Fernando... A gente vai ter o que mostrar até para americanos, chineses... Pelo o que você tá dizendo, a gente já tem?
Fernando Gomes -- Já temos! Agora, é muito importante que é existe uma coordenação no processo. Porque o 5G é apenas uma infraestrutura, mas, é uma estrutura diferente. Precisaremos de aplicações que farão o uso do 5G.
O ecossistema de inovação brasileiro, tem que trabalhar de forma coordenada, cooperada, para que essas aplicações sejam desenvolvidas. Aí, teremos, sem dúvida, grandes chances de ter muito que mostrar para o resto do mundo.
SBT News -- É estímulo atrás de estímulo, pelo que você tá dizendo, o processo não para.
Fernando Gomes -- A gente não para.
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Produção e entrevistas por Cido Coelho e Guto Abranches
Edição de imagens: Cézar Camilo
Edição por Cido Coelho