Militares publicam desinformação sobre a Amazônia, aponta Facebook
Relatório do Facebook mostrou ações do tipo em vários países; Exército diz que não fomenta desinformação
A Meta, holding que administra a rede social Facebook, divulgou na 5ªfeira (08.abr) que derrubou uma rede de contas e perfis falsos que distorciam o debate público sobre meio ambiente e o desmatamento da Amazônia. Esta ação foi relacionada no relatório "Adversial Threat Report".
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Segundo a empresa de tecnologia, oficiais do Exército Brasileiro eram responsáveis pela operação de desinformação nestas páginas.
O relatório, que é divulgado trimestralmente, relata que além deste caso no Brasil, Azerbaijão, Rússia, Ucrânia, Irã, Costa Rica e Filipinas também foram citados sobre o uso das páginas para conteúdo enganoso.
No caso específico do Brasil, o Facebook aponta como um exemplo de 'comportamento inautêntico coordenado', termo da empresa referente a redes de perfis e paginas falsas usadas em esforço para manipular o debate público. Segundo o documento, integrantes ligados ao Exército Brasileiro também foram identificados nesta investigação.
"Encontramos esta rede como resultado de nossa investigação sobre suspeitas de informações comportamento coordenado inautênticas coordenadas na região. Embora as pessoas por trás dele tentassem esconder suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou ligações com indivíduos associados às Forças Armadas brasileiras", afirma relatório da Meta.
O Meta detectou e retirou do ar 14 perfis falso e nove páginas no Facebook, além de 39 contas na rede social Instagram. Parte destas contas também estavam conectadas a páginas no Twitter.
Também foram registrados 1.170 contas de seguidores que estavam nestas páginas e outras 23.600 contas seguidas eram de contas do Instagram. O relatório também apontou que estas contas gastaram 34 dólares em anúncios no Facebook e Instagram pagos em real.
O documento relata que as páginas tentavam se passar por organizações da sociedade civil e por ativistas ambientais preocupados em proteger e preservar a Amazônia. A empresa identificou pela primeira vez ações deste tipo em questões de meio ambiente.
O relatório apontava que as publicações relatavam que 'nem todo o desmatamento da floresta é prejudicial', além de ataques a ONG que atuam na luta pela preservação do meio ambiente.
Em nota ao SBT News, o Exército Brasileiro respondeu que 'não fomenta a desinformação por meio das mídias sociais' e que 'a instituição possui contas oficiais nessas mídias e obedece as políticas de uso das empresas responsáveis por estas plataformas'. O Exército ainda complementou que entrou em contato com a Meta para conseguir o acesso aos dados que baseiam o relatório que aponta o cenário constatado.
Leia a nota oficial do Exército Brasileiro na íntegra:
"O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Exército Brasileiro tomou conhecimento do conteúdo do documento "Adversial Threat Report", da empresa Meta, por meio de publicações na imprensa na data de hoje, 7 de abril. O texto afirma que a empresa agiu contra rede de contas falsas que divulgavam conteúdo com foco em questões ambientais, e que os responsáveis por essas contas seriam indivíduos supostamente associados à Força.
O Exército Brasileiro não fomenta a desinformação por meio das mídias sociais. A instituição possui contas oficiais nessas mídias e obedece as políticas de uso das empresas responsáveis por essas plataformas. Assim, o Exército já entrou em contato com a empresa Meta para viabilizar, dentro dos parâmetros legais vigentes, acesso aos dados que fundamentaram o relatório, no que diz respeito à suposta participação de militares nas atividades descritas.
Finalmente, cabe ressaltar que a Instituição requer de seus profissionais o cumprimento de deveres militares, tais como o culto à verdade, a probidade e a honestidade".