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ENGANOSO: Post com vídeo antigo engana ao sugerir que Barroso oferecia risco a voo

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

ENGANOSO: Post com vídeo antigo engana ao sugerir que Barroso oferecia risco a voo
Projeto Comprova/Divulgação
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ENGANOSO: É enganosa a publicação que alega que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, foi impedido de embarcar em um avião da companhia aérea Gol por representar risco ao voo. Barroso não oferecia riscos ao voo ? na realidade, o ministro foi retirado da aeronave para que sua segurança fosse preservada, diante do comportamento hostil de alguns passageiros. Além disso, as publicações omitem a data do ocorrido, dando margem à interpretação de que se trata de um caso recente, quando, na realidade, ocorreu em 2 de janeiro de 2023.

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Conteúdo investigadoVídeo publicado nas redes sociais mostra o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, sendo hostilizado por um grupo de pessoas, enquanto é atendido no guichê de um aeroporto. O grupo xinga, vaia e pede a saída do ministro do vôo. A publicação alega ainda, na sua legenda, que o ministro foi proibido de embarcar no avião por representar risco ao voo.

Onde foi publicado: Twitter e TikTok.

Saiba mais:
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Conclusão do Comprova: É enganosa a postagem que afirma que o ministro do STF Luís Roberto Barroso teria sido retirado de uma aeronave "por representar risco ao voo". O vídeo investigado mostra a ocasião em que Barroso foi hostilizado por passageiros no aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, quando tentava embarcar num voo da Gol para Brasília em 2 de janeiro de 2023. Segundo nota da companhia aérea enviada à CNN e ao Comprova, o ministro não embarcou para que sua segurança fosse preservada, e não porque ele oferecia risco ao voo ou aos demais passageiros.

As postagens no Twitter e TikTok mostram as agressões verbais dos passageiros direcionadas ao ministro, que estava em frente ao guichê da companhia aérea em Miami. Contudo, ao omitirem a informação de que o caso aconteceu em 2 de janeiro de 2023, fazem parecer que o caso é recente, o que pode gerar confusão.

O caso foi amplamente noticiado na imprensa à época. Em resposta, o ministro se pronunciou por nota: "É uma mistura de ódio, ignorância, espírito antidemocrático e falta de educação. O Brasil adoeceu. Espero que consigamos curá-lo e que uma luz espiritual ilumine essas pessoas", pontuou Barroso.

Aquela não foi a primeira vez que um ministro da Corte foi alvo de hostilidades em locais públicos desde as eleições de 2022. Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski também já foram alvo de ofensas.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No Twitter, o vídeo investigado teve 345,6 mil visualizações, 12 mil curtidas, 1.641 retweets e 533 comentários até às 10h30 do dia 24 de novembro. No TikTok, foram registradas 366 visualizações e 26 curtidas, além de um comentário e 15 compartilhamentos no mesmo período.

Como verificamos: A equipe do Comprova analisou o vídeo e considerou elementos presentes nas imagens. Constatou tratar-se de um aeroporto devido ao símbolo da companhia aérea Gol presente em uma das TVs que aparecem nas imagens. Depois percebeu que se tratava do Aeroporto de Miami, ao constatar que há um símbolo, entre as TVs, com a inscrição "MIA" (Miami International Airport). A partir daí foram feitas buscas no Google com os termos "Barroso", "Hostilizado", "Aeroporto", "Miami". O buscador retornou diversas notícias de grandes veículos de comunicação brasileiros sobre o caso, confirmando tratar-se de episódio ocorrido no início deste ano, nos Estados Unidos.

O Comprova também fez contato com o STF e com a Gol questionando se o ministro de fato embarcou no voo que saía de Miami.

Caso ocorreu em janeiro de 2023

O vídeo envolvendo hostilidades ao ministro Barroso é real, mas ocorreu ainda no início deste ano, em 2 de janeiro de 2023, no Aeroporto de Miami, nos Estados Unidos. Barroso foi hostilizado enquanto passava pelo guichê no aeroporto. O ministro não reagiu às provocações, conforme as imagens mostram.

É possível confirmar que se trata do aeroporto de Miami, ao observar o logotipo ao fundo dos funcionários (MIA), que faz referência ao aeroporto daquela cidade americana.

Após o ocorrido, Barroso chegou a se manifestar, lamentando o caso. "É uma mistura de ódio, ignorância, espírito antidemocrático e falta de educação. O Brasil adoeceu. Espero que consigamos curá-lo e que uma luz espiritual ilumine essas pessoas", pontuou o ministro, à época.

À Veja, dias depois do ocorrido, em 7 de janeiro, Barroso também comentou o episódio. "O que mais me impressionou durante o episódio de selvageria no aeroporto de Miami foi a absoluta convicção com que algumas pessoas acreditam nas mentiras que lhes são passadas. A principal delas foi a de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o STF fraudaram as eleições para impedir a reeleição do então presidente (Jair Bolsonaro). A confusão começou quando uma senhora, aos berros e em prantos, manifestou essa crença. Por não aceitarem a derrota, alguns cultivam uma notícia falsa", disse.

Barroso embarcou?

Em nota enviada ao Comprova, a GOL informou que "realizou normalmente o atendimento aos clientes do voo G3 7749, entre Miami (MIA) e Brasília (BSB), na noite de segunda-feira (02/01), porém autoridades policiais locais preferiram retirar o ministro da aeronave, preservando sua segurança". A mesma nota foi enviada à CNN Brasil, que noticiou o ocorrido no início deste ano.

A reportagem entrou em contato com o STF, via assessoria de imprensa, para esclarecer o caso. Sobre o ocorrido, a Corte informou que "o vídeo não é atual".

Ministro da Justiça, Flávio Dino, se manifestou

Depois do episódio, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nas redes sociais, que enviaria um ofício à presidente do STF, Rosa Weber, colocando a PF (Polícia Federal) à disposição para investigar os episódios de agressão e ameaças aos ministros. "São extremistas antidemocráticos, que perseguem magistrados nas ruas, aeroportos, restaurantes etc.", escreveu Dino.

Ministros do STF são alvos frequentes de hostilidades

O episódio registrado no vídeo verificado não foi o primeiro caso de hostilidades sofridas por ministros do STF durante e após as eleições de 2022. O próprio Barroso, em novembro daquele ano, foi assediado por uma brasileira enquanto caminhava pela Times Square, conhecido ponto turístico de Nova York, nos Estados Unidos. Ele estava na cidade para a Lide Brazil Conference, com outros cinco ministros do STF, quando foi abordado. "Cuidado, ein. O povo brasileiro é maior que a Suprema Corte", disse a mulher, que filmava a interação.

Foi nessa mesma viagem que um brasileiro o questionou se ele iria "abrir o código fonte" das urnas eletrônicas e "responder às Forças Armadas". Ao que Barroso respondeu: "Perdeu, mané, não amola". A frase virou meme, mas o ministro disse, posteriormente, que lamenta mas não se arrepende da atitude.

Em março de 2023, o alvo das hostilidades foi o ministro Ricardo Lewandowski. Ele foi xingado por uma passageira no desembarque de um voo da Latam que ia de São Paulo para Brasília. A mulher teria gritado que o ministro iria "para o inferno".

Já em julho do mesmo ano, Alexandre de Moraes foi abordado por um grupo de brasileiros no Aeroporto Internacional de RomaImagens de videomonitoramento mostram que um deles teria agredido o filho do ministro.

O que diz o responsável pela publicação: O perfil responsável pela publicação foi procurado pelo Comprova, mas não se manifestou até a publicação desta checagem. Apesar de se identificar como um perfil de humor e sátira, muitos dos conteúdos postados são tomados como verdadeiros pelos leitores ou nem sequer podem ser considerados satíricos, a exemplo da postagem abordada nesta verificação.

O que podemos aprender com esta verificação: É comum que agentes de desinformação usem acontecimentos reais, mas distorçam os fatos na tentativa de tornar o material mais crível. Neste caso, a publicação mostra o ministro do STF sendo hostilizado em um aeroporto, o que ocorreu de fato, mas alega que Barroso foi impedido de entrar na aeronave por gerar insegurança ao voo, dando a entender que o ministro era o causador da insegurança. Além disso, a postagem não cita a data do ocorrido, deixando o corte temporal em aberto para diferentes interpretações. O leitor deve questionar quando o vídeo foi feito e entender se o mesmo não foi tirado de contexto.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Temas envolvendo ministros do STF são frequentemente alvo de agentes de desinformação. O Comprova já checou e concluiu que vídeo engana ao sugerir que Alexandre de Moraes admitiu fraude nas eleições; desmentiu que o ministro Barroso tenha prometido atuar contra a reeleição de Bolsonaro; e mostrou que um vídeo de 2021 foi editado para afirmar que Barroso era contra o PT.

Investigação e verificação

O Povo e A Gazeta participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos GZH, Alma Preta, UOL, Folha, Estadão, SBT e SBT News

Projeto Comprova

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 41 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Na quinta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT e SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

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