Brasil dobra número de médicos, mas segue com cobertura desigual entre regiões
Enquanto o Distrito Federal tem seis médicos por 1.000 habitantes, o Maranhão tem apenas um

Gudryan Neufert
Em 20 anos, o Brasil dobrou a quantidade de profissionais formados em medicina, mas não conseguiu curar um problema antigo: a desigualdade de cobertura entre as regiões. Enquanto o Distrito Federal tem seis médicos por 1.000 habitantes, o Maranhão tem apenas um.
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Manaus está entre as cinco capitais brasileiras com o menor número de médicos por 1.000 habitantes, mas é difícil entender por que a conta não fecha. O país tem -- atualmente -- mais de 500 mil médicos. Duas décadas atrás, o número de profissionais por 1.000 habitantes era de 1,4. Hoje, é de 2,7.
"Ao mesmo tempo que identificamos um aumento importante na oferta de médicos, a distribuição desses profissionais continua muito desigual no país", afirma Mário Scheffer, coordenador do estudo Demografia Médica no Brasil.
Segundo o estudo da Universidade de São Paulo (USP), que mapeou a distribuição de médicos no Brasil, mais de 60% desses profissionais estão concentrados onde vive um terço da população. Segundo ele, faltam atrativos para manter os médicos nas cidades onde se formaram.
"Um fator importante de permanência é a possibilidade de continuidade da formação e nesse caso, por exemplo, a oferta de vagas de residência médica", diz Scheffer.
Enquanto o Distrito Federal tem 6,1 médicos por cada mil habitantes, Rio de Janeiro, 4,1 e São Paulo, 3,7, os piores resultados são de Amapá, com 1,45; Pará, 1,3 e Maranhão, 1,1.
Se tratando de regiões, o sudeste tem a maior densidade médica (3,62), seguido de centro-oeste (3,28) e da região sul (3,12). Depois, vem o nordeste (2,09%) e -- por último-- o norte (1,65%).
Além dos lugares mais escondidos do Brasil, as periferias das grandes cidades também enfrentam o problema da falta de cobertura médica. O mais difícil é convencer os profissionais a aceitarem o desafio, mesmo na cidade que mais concentra médicos no país -- por exemplo -- não há número suficiente de profissionais brasileiros dispostos a atender essa demanda.
O Mais Médicos tenta diminuir essa disparidade. Do início do ano até agora, 20 mil novos profissionais se inscreveram no programa.