Trombofilia: entenda condição diagnosticada em Maíra Cardi após nova gravidez
Predisposição a formar coágulos em excesso pode ter causado aborto espontâneo na gravidez anterior da influenciadora; saiba riscos

Wagner Lauria Jr.
A influenciadora Maíra Cardi, de 41 anos, anunciou neste domingo (27) que está grávida novamente, três meses após sofrer um aborto espontâneo. A novidade, compartilhada em suas redes sociais, veio acompanhada de um diagnóstico delicado: Maíra foi diagnosticada com trombofilia (veja mais detalhes abaixo), condição que pode ter sido a causa da perda do bebê anterior.
+ Brasil bate recorde de hospitalizações por trombose venosa
+ Gravidez após os 40 anos: o que fazer e quais são os riscos?
“Assim que descobri a gravidez, meu médico desconfiou que algo estava errado. Ele me disse: ‘Você já teve dois filhos e nunca perdeu nenhum. Se perdeu agora e engravidou de novo tão rápido, precisamos investigar’. Foi quando pediu exames e descobrimos a trombofilia”, relatou.
+ Trombose em viagens: o que você precisa saber antes de embarcar
+ Congelamento de óvulos: até quando é possível adiar uma gravidez?
Apesar do medo inicial, Maíra disse que tem se aprofundado no estudo da condição para entender melhor os riscos e como lidar com eles. Ela destacou que o maior perigo para pacientes com trombofilia ocorre no período pós-parto.
O que é trombofilia? Como afeta a gravidez?
Na definição da ginecologista Fabia Vilarino, que também é especialista em Reprodução Humana e Cirurgia Ginecológica Endoscópica, trombofilia é uma predisposição a formar coágulos de maneira excessiva.
Segundo ela, nosso sistema de coagulação mantém um equilíbrio para que o sangue coagule quando necessário, como em um ferimento, e não coagule quando estiver circulando nos vasos sanguíneos, levando oxigênio e nutrientes aos órgãos. A condição pode ocorrer em qualquer pessoa por questões hereditárias ou adquiridas ao longo da vida, mas também afeta as gestantes.
"Durante a gravidez, o feto é nutrido e oxigenado pela circulação de sangue materno na placenta. Gestantes com trombofilia podem formar trombos, coágulos que reduzem ou até impedem essa nutrição e oxigenação, obstruindo os vasos.", explica.
Essas obstruções, totais ou parciais, levam a complicações graves, como:
- Abortamentos espontâneos no início da gravidez;
- Perdas gestacionais tardias;
- Pré-eclâmpsia, que é o aumento da pressão arterial da mãe, levando a riscos maternos e fetais;
- Restrição do crescimento fetal;
- Descolamento da placenta, que pode levar ao óbito do bebê.
Condição causa infertilidade?
Em relação à fertilidade, ainda há muitas controvérsias na literatura científica, segundo ela. Não está clara a relação da trombofilia com a infertilidade, mas há uma possível associação com falhas de implantação, ou seja, um aumento da dificuldade para o embrião se fixar no útero durante a fertilização in vitro.
Como é feito o tratamento?
Os tratamentos são realizados com anticoagulantes e acompanhamento especializado, segundo Fabia. O uso incorreto desses medicamentos pode causar complicações tão graves quanto a própria trombofilia.
Maíra contou que já fazia uso de anticoagulantes antes mesmo da nova gestação e que agora o acompanhamento é ainda mais rigoroso. O uso da medicação ajuda a evitar novos coágulos, mas exige atenção extrema.
“O remédio deixa o sangue muito fino. Então, por exemplo, se eu sofrer um acidente, posso ter uma hemorragia grave. É algo que requer muito cuidado", ressalta.