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Saúde

Três chaves para memorizar informações por longos prazos

É um pouco mais difícil recuperar as informações da memória depois de três dias do que no dia seguinte

Imagem da noticia Três chaves para memorizar informações por longos prazos
Quando se trata de aprendizado, é preciso ter cuidado para não seguir o caminho mais fácil | Pexels
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Para reter informações por longo prazo, é importante testar seus conhecimentos e repeti-los. Mas, qual é a frequência ideal de revisão para evitar lapsos de memória no dia de um exame? Pesquisas em psicologia nos deram algumas chaves para uma melhor organização.

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O provérbio “a prática leva à perfeição” reflete a importância de repetir a mesma atividade para dominar a habilidade de fazer algo.

Este princípio também se aplica ao vocabulário ou às lições que devemos assimilar. Para contrariar a nossa tendência natural de esquecer informações, é essencial reativá-las na memória.

Mas, com que frequência devemos organizar estas reativações para fixar o conhecimento da forma mais eficaz e permanente possível?

As pesquisas em psicologia cognitiva estão fornecendo algumas respostas a estas questões. Além das receitas prontas, é importante compreender os princípios subjacentes à aprendizagem sustentável para poder colocá-los em prática em sua própria vida.

Aproveite o “efeito de espaçamento” nas revisões

Dois princípios principais são fundamentais para memorizar informações a longo prazo.

O primeiro é usar testes para aprender e revisar: é muito mais eficaz fazer um autoteste sobre o conteúdo, por exemplo, usando fichas de perguntas e respostas, do que reler o conteúdo.

E, após cada tentativa de recuperar informações da memória, as informações não recuperadas - aí, sim - precisam ser estudadas novamente.

O segundo princípio consiste em distribuir adequadamente as reativações ao longo do tempo.

Isto é conhecido como “efeito de espaçamento”: se você só puder dedicar três sessões a um determinado conteúdo, é melhor programá-las em intervalos relativamente longos (por exemplo, a cada três dias) em vez de curtos (todos os dias).

As revisões em longos intervalos exigirão mais esforço: será um pouco mais difícil recuperar as informações da memória depois de três dias do que no dia seguinte.

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No entanto, são exatamente estes esforços que irão fortalecer a memória, promovendo a retenção a longo prazo.

Quando se trata de aprendizado, é preciso ter cuidado para não seguir o caminho mais fácil. Lembrar-se facilmente de uma lição hoje não é um bom indicador da probabilidade de você se lembrar dela daqui a um mês.

E tal sentimento de facilidade pode nos levar a considerar (erroneamente) que é desnecessário revisá-la.

Robert Bjork, professor da Universidade da Califórnia (EUA) e especialista em memória/esquecimento, chamou de “dificuldade desejável” a ideia de um nível ideal de dificuldade situado entre dois extremos.

O primeiro, corresponde a uma aprendizagem muito fácil (mas ineficaz a longo prazo), enquanto o segundo é o aprendizado demasiadamente difícil (ao mesmo tempo ineficaz e desestimulante).

No início da aprendizagem, a memória é frágil e necessita de uma rápida reativação para não ser esquecida | Freepik
No início da aprendizagem, a memória é frágil e necessita de uma rápida reativação para não ser esquecida | Freepik

Encontrando o ritmo certo de estudo

Existe, portanto, um limite para o espaçamento de tempo entre reativações: após um longo período (por exemplo, um ano), a informação aprendida terá diminuído fortemente na nossa memória e será muito difícil, se não for impossível, de recuperar. Além de gerar emoções negativas, esta situação irá, de certa forma, obrigar-nos a recomeçar a aprender desde o início e os esforços anteriores terão sido em vão.

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É, portanto, uma questão de encontrar o intervalo certo entre as reativações, nem muito longo nem muito curto. Mas esse intervalo correto não é um valor universal porque, na realidade, depende de vários fatores (ligados ao indivíduo, à informação a ser preservada e ao histórico desse conhecimento).

Alguns programas de aprendizado implementam algoritmos que levam em consideração esses fatores, permitindo testar cada informação no momento “ideal”.

Também existem métodos de papel e lápis. O mais simples é seguir um programa “expansivo”, ou seja, utilizar intervalos cada vez mais longos entre sessões sucessivas. Esta técnica é implementada no “método J” cuja eficácia reside no fortalecimento progressivo da memória.

No início da aprendizagem, a memória é frágil e necessita de uma rápida reativação para não ser esquecida. A cada nova reativação, a memória se fortalece, o que permite atrasar a próxima reativação, e assim por diante. Cada reativação é moderadamente difícil e, portanto, localizada no nível “desejável”.

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Aqui está um exemplo de programa expansivo para um determinado conteúdo: J1, J2, J5, J15, J44, J145, J415 etc. Aqui, a duração do intervalo é triplicada de uma sessão para outra (24 horas entre D1 e D2; depois 3 dias entre D2 e D3 etc).

Integração gradual de novos conhecimentos

É possível memorizar muito conteúdo em um longo período sem alongar o tempo de estudo | Freepik
É possível memorizar muito conteúdo em um longo período sem alongar o tempo de estudo | Freepik

Não há consenso científico sobre a melhor série de intervalos. No entanto, parece particularmente benéfico realizar a primeira reativação no dia seguinte (D2) ao aprendizado inicial porque o sono noturno terá permitido ao cérebro reestruturar e/ou reforçar o conhecimento aprendido no dia anterior (D1). Os intervalos a seguir podem ser ajustados de acordo com restrições individuais.

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Por fim, o método é flexível: se necessário, uma sessão pode ser adiada alguns dias antes ou depois da data planejada sem impactar a eficácia global a longo prazo. O importante é o princípio da reativação regular.

O programa expansivo também tem uma vantagem prática considerável: permite a integração gradual de novas informações. Por exemplo, podemos iniciar novos conteúdos no Dia 3 do programa acima - caso não haja sessão nesse dia.

Ao adicionar conteúdo de forma gradual, é possível memorizar uma quantidade muito grande de informações em um longo período sem aumentar o tempo de estudo.

O outro método é baseado no princípio da “caixas de Leitner”. Dessa vez, a duração do intervalo antes da próxima reativação não é planejada com antecedência, mas depende do resultado da busca na memória.

Se a resposta for facilmente recuperada, a próxima reativação ocorrerá em uma semana. Se a resposta for encontrada, mas com dificuldade, esperaremos três dias antes de nos testarmos novamente.

Caso não tenhamos conseguido encontrar a resposta, o próximo teste será realizado no dia seguinte. Com a experiência, cada um pode ajustar esses intervalos e desenvolver seu próprio sistema.

Em resumo, para que o aprendizado seja eficaz e duradouro, você deve fazer um esforço para recuperar as informações da sua memória e repetir esse processo regularmente, em espaços apropriados para evitar o esquecimento.

*Emilie Gerbier, professora de Psicologia, Universidade Côte d'Azur

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