Repelente caseiro protege contra o mosquito da dengue? Entenda
Receitas a base de citronela, andiroba e óleo de cravo têm pipocado nas redes sociais
Na busca pela melhor proteção contra o mosquito da dengue, muitas pessoas têm recorrido a receitas caseiras de repelentes. Entretanto, eles não são recomendados pelo Ministério da Saúde, por não possuírem eficácia comprovada.
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"Os inseticidas chamados naturais, à base de citronela, andiroba, óleo de cravo, entre outros, não possuem comprovação de eficácia", diz a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), explica que diferente dos repelentes comerciais – com icaridina, DEET ou IR3535 – a segurança com essas receitas caseiras não está garantida.
"É importante ter cuidado na utilização dessas receitas caseiras não comercializadas, porque a segurança não está garantida, principalmente em relação aos processos alérgicos", destaca Croda.
Segundo ele, os produtos comercializados em farmácias e mercados foram testados e são produzidos com uma concentração fixa de repelente, garantindo assim segurança para sua utilização.
"Quando utilizados de forma caseira, com concentrações diferentes, isso pode provocar, principalmente, irritações na pele", diz o infectologista.
A Anvisa também alerta que não existem produtos de uso oral, como comprimidos e vitaminas, com indicação aprovada para repelir o mosquito.
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E quais repelentes podem ser usados contra o mosquito da dengue? A Anvisa aprova três princípios ativos contra o Aedes aegypti: icaridina, DEET e IR3535.
Icaridina (Hydroxyethyl isobutyl piperidine carboxylate ou Picaridin)
Repelentes com icaridina são os mais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Eles apresentam uma proteção de 5h a 10h, dependendo da temperatura e sudorese, e não precisam ser reaplicados com tanta frequência. O ideal é que ele tenha concentração acima de 20%.
"Repelentes com icaridina são os melhores, pois apresentam uma duração mais prolongada de proteção", diz o médico Julio Croda.
O uso de repelentes que contenham icaridina não é permitido em crianças menores de dois anos. Ele não apresenta riscos a gestantes.
DEET (N-dimetil-meta-toluamida ou N,N-dietil-3-metilbenzamida)
Repelentes com DEET apresentam uma proteção de 2h a 8h, variando de acordo com a concentração. O ideal é que ela seja de 30% a 50%.
O uso de repelentes que contenham o ingrediente DEET não é permitido em crianças menores de dois anos. Já em crianças de 2 a 12 anos, o uso é permitido desde que a sua concentração não seja superior a 10%, restrita a apenas três aplicações diárias, evitando o uso prolongado.
Ele não apresenta riscos a gestantes.
IR3535 ou EBAAP (Ethyl butylacetylaminopropionate)
Repelentes com IR3535 têm um tempo de ação estimado de 4h a 8h, dependendo da concentração.
Eles podem ser usados em crianças a partir dos 6 meses de idade e não apresentam riscos a gestantes.
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Alguns cuidados devem ser observados no uso de repelentes:
- Eles devem ser aplicados nas áreas expostas do corpo e por cima da roupa;
- A reaplicação deve ser realizada de acordo com indicação de cada fabricante;
- Para aplicação da forma spray no rosto ou em crianças, o ideal é aplicar primeiro na mão e depois espalhar no corpo, lembrando sempre de lavar as mãos com água e sabão depois da aplicação;
- Em caso de contato com os olhos, é importante lavar imediatamente a área com água corrente.