Peeling de fenol: Sociedade Brasileira de Dermatologia reconhece procedimento como invasivo e agressivo
Empresário de 27 anos morreu após passar por procedimento em São Paulo; em nota, entidade reforçou que método apresenta riscos e tempo longo de recuperação
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) reconheceu, nesta quarta-feira (5), o peeling de fenol como um procedimento estético “que demanda extrema cautela, considerando sua natureza invasiva e agressiva”. A entidade reforçou a importância de o método ser aplicado por médicos dermatologistas, preferencialmente em ambiente hospitalar, com o paciente devidamente anestesiado e sob monitoramento cardíaco.
Na última segunda-feira (3), um homem de 27 anos morreu após passar pelo procedimento, numa clínica estética no bairro do Campo Belo, em São Paulo. Henrique da Silva Chagas não resistiu ao procedimento realizado pela esteticista Natalia Becker, que dá nome à clínica e tem 200 mil seguidores nas redes sociais. Ela desativou as contas nas redes sociais após o caso e prestou depoimento nesta quarta.
O peeling de fenol é indicado para tratar casos de envelhecimento facial severo, caracterizados por rugas profundas e textura da pele consideravelmente comprometida. No entanto, em nota, a SDB reforçou que o procedimento apresenta “riscos e tempo de recuperação prolongado”, exigindo afastamento das atividades habituais por um período estendido.
"Devido ao uso de um composto tóxico absorvido pela pele e, consequentemente, pela corrente sanguínea, o procedimento exige precauções rigorosas. É possível que ocorram complicações, como dor intensa, cicatrizes, alterações na coloração da pele, infecções e até mesmo problemas cardíacos imprevisíveis, independentemente da concentração, do método de aplicação e da profundidade atingida na pele. Contudo, quando criteriosamente indicado e executado, os resultados obtidos são incomparáveis a outros métodos esfoliativos, proporcionando uma renovação intensa da pele, estimulando a produção de colágeno e reduzindo significativamente rugas e manchas", diz o texto.
A entidade ainda recomendou que o paciente busque a orientação do dermatologista antes de passar por qualquer procedimento clínico ou cosmiátrico. "Um profissional está capacitado para preparar a pele, avaliar adequadamente suas condições e indicar a melhor abordagem individualizada para cada caso, além de orientar sobre os cuidados necessários para evitar as possíveis complicações", alerta.
Relembre o caso
Um homem de 27 anos morreu após um procedimento estético conhecido como “peeling de fenol”, no bairro do Campo Belo, em São Paulo. O caso foi registrado na segunda-feira (03) e a polícia investiga a situação, registrada inicialmente como morte suspeita.
Henrique da Silva Chagas não resistiu ao procedimento realizado pela esteticista Natalia Becker, que dá nome à clínica e tem 200 mil seguidores nas redes sociais. Os vídeos com a intervenção rejuvenescedora do tipo feitos por profissionais de estéticas viralizaram recentemente. Ela desativou as páginas após o caso e prestou depoimento nesta quarta-feira (05).
"Sucesso", disse esteticista após procedimento
Segundo o boletim de ocorrência, Henrique e o companheiro chegaram na clínica durante a manhã. No local, fez limpeza de pele e, depois, a aplicação de um anestésico para amenizar a dor. Na sequência, foi feita uma raspagem na pele e, por último, a aplicação do fenol.
O produto ácido deixa a pele com aparência escamada e avermelhada, com a promessa de retirar manchas e acne. O procedimento durou cerca de uma hora.
Ainda de acordo com o boletim, Natalia chamou o companheiro de Henrique, dizendo que o paciente “resistiu bem à dor” que a intervenção foi um “sucesso”. Logo depois, porém, o rapaz começou a passar mal. Apertando a mão do namorado, começou a respirar de forma ofegante. Funcionárias foram acionadas, chamando o resgate.
O atendente do SAMU passou recomendações, para medir a pressão. Nesse tempo, a situação de Henrique piorou. A esteticista, ao ver a situação, também teria passado mal, foi socorrida e levada a um pronto socorro. Ela acionou o marido, identificado como “Jorge”, também sócio da clínica, para dar conta da situação.
Sócio diz que intervenção é feita na "primeira pele", de forma "superficial"
Ao chegar no local, o sócio percebeu a gravidade da situação. Ele chegou a fazer respiração boca a boca na vítima, além de massagem cardíaca. Quando o resgate chegou, a morte de Henrique foi constatada.
Em depoimento, Jorge afirmou que esse procedimento é aplicado somente de forma superficial, na “primeira pele”, e que não necessita de exame prévio para identificar se o paciente tem algum tipo de alergia.
O companheiro de Henrique afirmou que, após pesquisas nas redes sociais e outros depoimentos, optaram pela esteticista para fazer o procedimento. Exames necroscópicos foram solicitados para identificar a motivação da morte.