Pandemia de covid-19 deixou marcas profundas e mudou hábitos da população
Cinco anos após o início da pandemia, percepções sociais continuam a refletir efeitos na sociedade

Flavia Travassos
A pandemia de covid-19 transformou o mundo. Durante o auge da crise, ruas vazias e cidades desertas se tornaram um cenário comum. No Brasil, até a famosa região da 25 de Março, em São Paulo, teve de fechar todas as lojas e um silêncio inesperado tomou conta do espaço que é sempre barulhento e caótico.
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Cinco anos depois, a paisagem mudou. O comércio voltou a funcionar, os vendedores chamam os clientes, mas nem tudo é como antes. Segundo especialistas, a pandemia deixou marcas profundas nos hábitos da população.
"Muitas pessoas desenvolveram hábitos mais solitários, passaram a evitar grandes aglomerações, mesmo após as restrições. Algumas desenvolveram até fobia social ou resistência às interações presenciais em ambientes fechados", explica a psicóloga Alessandra Petráglia.
Os cuidados pessoais também foram afetados. "As pessoas mantiveram o hábito da higienização constante das mãos e do uso de máscaras em ambientes lotados ou quando estão resfriadas", comenta o médico infectologista Renato Grinbaum.
Luciano Vaz Neto, vendedor, é um exemplo disso. "Eu lido com o público, tenho trigêmeas e elas têm bronquite. Tento evitar ao máximo os riscos", afirma.
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Por outro lado, a pandemia também trouxe mudanças negativas. A desconfiança na ciência e na vacinação cresceu, levando ao ressurgimento de doenças que estavam praticamente erradicadas.
"Esse descrédito na ciência, que aos poucos está diminuindo, foi um legado ruim. Especialmente na área de vacinas, estamos vendo o retorno de algumas doenças que estavam praticamente extintas", alerta Grinbaum.
Apesar do fim da pandemia, a covid-19 ainda circula. Nos dois primeiros meses deste ano, o Brasil registrou 130.507 novos casos e 664 mortes pela doença.