O que fazer se meu cachorro morder um rato
Vira-latas argentinos resolveram confusão ao caçar roedor que invadiu entrevista do prefeito de Buenos Aires, mas - atenção! - cães e gatos correm riscos ao entrar em contato com ratos
Carolina Freitas
Correu o mundo nesta semana cena transmitida ao vivo pela TV argentina de um rato invadindo a entrevista coletiva do prefeito de Buenos Aires, Jorge Macri.
O roedor causou pânico na rodinha de políticos e jornalistas que acompanhavam a ação do prefeito na região portuária da cidade.
Eis que surgem dois cachorros, abocanham o roedor e acabam com a bagunça.
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O ato heroico dos doguinhos argentinos deixou tutores de pets e cachorreiros em geral preocupados. Estará a saúde da dupla de vira-latas em risco? E se meu cachorro morder um rato, o que eu faço? Como agir se meu gato caçar um roedor?
O SBT News conversou com a médica veterinária Eloá Rodrigues e responde a essas e outras dúvidas sobre acidentes que podem acontecer entre animais domésticos e roedores.
Leptospirose é a preocupação nº1 para cachorros
O principal risco quando um animal doméstico entra em contato com um rato são doenças infecciosas.
Para cachorros, a mais preocupante delas é a leptospirose. A doença é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida de animais para pessoas, o que exige cuidado extra.
Ratos infectados transmitem a doença pela urina, por mordida e pelo sangue.
A bactéria é tão resistente que sobrevive até em poças d’água e pode infectar cachorros pelas mucosas (boca e nariz, por exemplo) mesmo sem o pet ter um ferimento na pele.
Quando um cão pega leptospirose, o órgão mais afetado são os rins, responsáveis por filtrar toxinas do sangue.
Conheça sintomas da leptospirose em cachorros
- Perda de apetite
- Vômito e diarreia
- Urina escura
- Mau hálito
- Fraqueza
- Febre
- Olhos e pele amarelados
- Vermelhidão nos olhos
- Feridas na boca
Para os gatos, o risco maior é a toxoplasmose
Gatos também podem pegar leptospirose, mas é raro. Nos felinos, a maior preocupação quando há contato com ratos é a toxoplasmose.
A toxoplasmose também é uma zoonose, ou seja, pode passar para humanos. A forma mais comum de uma pessoa pegar a doença, no entanto, é ingerir alimentos crus e mal lavados. É dessa forma que os cistos do parasita entram no nosso corpo.
Gatos podem pegar a doença por comer animais contaminados, como ratos.
É comum que os felinos funcionem como hospedeiros do parasita, mas não mostrem sintomas de toxoplasmose. Alguns gatos podem ter febre, perda de apetite e fraqueza.
Os sintomas se tornam mais claros se o parasita conseguir espalhar e fixar cistos pelo organismo do gato, por exemplo:
- Nos pulmões, esses cistos podem causar pneumonia
- No fígado, ocasionam amarelamento das mucosas
- Nos olhos, o sinal é a cegueira
- No sistema nervoso, o gato pode passar andar em círculos e a ter convulsões
O gato expele cistos do parasita pelas fezes.
O que eu faço se flagrar meu pet com um rato na boca
Caso o cachorro ou gato seja adestrado, é possível ensinar um comando de “solta” para usar em situações como essa, mas, na maioria dos casos, o pet vai ter o instinto de caçar e até brincar com o rato.
Você deve tomar muito cuidado ao tentar tirar o rato da boca do pet, pois pode acabar levando uma mordida – do bicho doméstico ou do roedor. Nos dois casos, há risco de transmissão de doenças para o humano.
Como agir depois que o pet entrou em contato com o rato
Depois que o gato ou cachorro teve contato com o rato, a primeira coisa é manter o pet em observação, orienta a veterinária Eloá Rodrigues.
“Se o animal começar a apresentar qualquer sintoma, como vômito, prostração, não querer comer, é interessante levar ao veterinário.”
Como o avanço de doenças infecciosas no organismo dos bichos é rápida, os veterinários se guiam pelos sintomas para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento o quanto antes.
Vacinas são a saída para evitar doenças graves nos pets
Para proteger o pet contra doenças transmitidas por roedores e contra dezenas de outros males, a melhor solução é manter a vacinação dele em dia.
As vacinas anuais V8 e V10 protegem contra a leptospirose. Em regiões com muitos casos da doença, os veterinários podem indicar ainda um reforço de seis em seis meses do imunizante contra a bactéria.
Não há vacina contra a toxoplasmose.
Medidas de higiene e de segurança no local onde vivem cachorros e gatos diminuem as chances de acidentes com roedores.
Impedir os pets de saírem para a rua desacompanhados previne contato com ratos, além de evitar fugas, brigas, ataques e atropelamentos.
No caso dos gatos, convém manter a caixa de areia sempre limpa, manusear o local sem ter contato direto com as fezes do bicho e lavar bem as mãos depois.
O tratamento tanto para leptospirose quanto para toxoplasmose em pets inclui remédios, que devem ser indicados por um médico veterinário a partir da avaliação de cada caso.